Uma campanha com ampla mobilização da sociedade civil brasileira e organismos internacionais, como a Organização Panamericana de Saúde (Opas/OMS), foi lançada nesta quarta-feira (29) em Brasília pelos Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (Conasems): a Vacina Mais. A campanha visa ampliar as taxas de cobertura das vacinas no Brasil que vem sofrendo sucessivas quedas nos últimos anos.
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) se uniu ao ato de forma virtual, reunindo técnicos e dirigentes no auditório da secretaria, com a presença da titular da pasta, Adélia Pinheiro. "É preciso haver esse reconhecimento de que, como nação, nossas coberturas estão decrescentes, muito em função de um movimento antivacina que ganhou força no Brasil nos últimos anos. Vamos nos esforçar e nos unir nessa grande campanha de integração em prol da reafirmação do compromisso em favor da Saúde e da vida", afirmou Adélia.
Segundo a diretora da Opas no Brasil, Socorro Gross, a vacinação é o mais eficaz e barato mecanismo de saúde para evitar doenças. E foi responsável por erradicar a varíola, poliomielite, rubéola e tétano de diversas nações do mundo. "Vacinas salvam vidas, são seguras, previnem enfermidades e protegem as comunidades mais vulneráveis. Essa campanha precisa conscientizar os brasileiros de que a vacina é um bem público e aqui no Brasil, totalmente gratuito, pelo SUS. Um bem que mantém a população saudável", ressaltou ela.
Para reconquistar as altas coberturas da vacinação de rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a Vacina Mais vai contar com uma ampla campanha de comunicação nos municípios e estados. Além disso, ganhou um reforço significativo da sociedade civil, com a participação de entidades como Anvisa, CNJ (Conselho Nacional de Justiça), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Sociedade Brasileira de Infectologia, diversas sociedades médicas e CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, é necessário "desfazer falsas notícias que levam a morte". E Nésio Fernandes, presidente do CONASS, complementou dizendo que "em qualquer país civilizado do mundo é inaceitável que pessoas morram de alguma doença imunoprevenível, por falta de vacinação. É inaceitável que doenças já erradicadas, como o sarampo e a poliomielite, voltem por causa de campanhas mentirosas a respeito das vacinas, com teses já superadas há anos".
A CNBB se comprometeu a usar a alta capilaridade da igreja católica no Brasil para combater o negacionismo em torno das vacinas. "Vamos conversar, dialogar e conscientizar cada pessoa em nossas paróquias, do Oiapoque ao Chuí. Esse é um ato de responsabilidade social em defesa da vida. Contra a desinformação, Vacina Mais". frisou um representante da instituição.
PNI
O Brasil é um dos poucos países no mundo que oferecem um extenso rol de vacinas gratuitas à sua população. A iniciativa dos conselhos e da OPAS busca fortalecer o Programa Nacional de Imunizações (PNI) que, em 2023, completará meio século de serviço para a população do país e, a cada ano, se consolida como uma das principais intervenções brasileiras em saúde pública.
O PNI conta com vacinas para mais de 30 doenças, disponibiliza cerca de 300 milhões de doses anualmente e tem cerca de 38 mil salas de vacinação distribuídas pelo território nacional para que as pessoas possam se imunizar e exercer seu direito à saúde e à vida.
Bahia segue tendência nacional
Na Bahia, até 2015 a média de cobertura das principais vacinas indicadas ao público infantil esteve acima da meta. Nos anos seguintes, esse percentual vem decrescendo gradualmente, potencializando o risco de retorno de doenças que já vinham sendo mantidas sob controle ou estavam eliminadas e erradicadas.
A vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo b e poliomielite (VIP), por exemplo, teve redução na cobertura de 58% em 7 anos. Em 2015 a cobertura era de 92, 9%. Caiu para 76,9% em 2016, manteve esse patamar em 2017, alcançou uma cobertura levemente superior em 2018 (77,2%) e depois só caiu: 65% em 2019, 63% em 2020 e 54,6% ano passado.
A BCG que é uma vacina indicada para ser aplicada nas primeiras horas de nascimento, preferencialmente ainda na maternidade, e previne as formas graves de tuberculose, teve sua cobertura reduzida drasticamente no estado, passando de 100% de cobertura, em 2015, para apenas 48,7% em 2021.
"Várias hipóteses são levantadas para justificar este cenário, como a falsa sensação de segurança dos pais atuais, que não convivem mais com essas doenças justamente por causa do sucesso das campanhas de vacinação em massa mediadas pelo PNI no passado", enfatiza Ramon Saavedra, técnico da Vigilância Epidemiológica da Bahia.
Da Redação RedeGN
1 comentário
30 de Jun / 2022 às 10h29
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