A prefeitura de Senhor do Bonfim, cidade no norte da Bahia, afirmou que em 2022 seguirá cumprindo a decisão do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que recomenda a não realização de guerras de espada na cidade. A Polícia Militar fará a fiscalização da prática durante o período de São João.
A decisão foi divulgada dias após o acidente que deixou uma criança de Cruz das Almas gravemente ferida. O menino perdeu 11 dentes após ser atingido pelos fogos e segue internado.
O assessor jurídico da prefeitura de Senhor do Bonfim, Josemar Santana, explicou os motivos da cidade manter o posicionamento, apesar da prática ser considerada uma tradição.
"É uma ordem judicial, então se cumpre. Não é o poder publico que tem que passar por cima dessa ordem, mas está acompanhando e tem interesse de que isso seja resolvido. E isso passa pela regulamentação da fabricação do artefato", explica.
Em 2017, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) vetou vetou a guerra de espadas em Senhor do Bonfim e suspendeu uma lei que tornava a pratica patrimônio cultural do munícipio.
No ano seguinte, em 2018, o Ministério Público (MP-BA), recomendou que a prefeitura não ajudasse a promover, nem colaborasse com nenhum ato relacionado à soltura de espadas.
Após dois anos sem festas por causa da pandemia da Covid-19, as decisões não agradaram os espadeiros. Segundo Rodrigo Wanderley, coordenador da Associação Cultural Espadeiros, 150 pessoas trabalham com a produção e venda das espadas.
"Eles aprendem com os pais a fazerem os artefatos, então quando houve essa sentença que diz 'olha, isso é crime', essas pessoas ficaram desempregadas por ordem judicial", conta.
Os moradores da cidade também se mostram a favor da guerra de espadas.
"Eu sou sempre a favor da tradição, independente de como ela é feita. A tradição em Senhor do Bonfim ela é fato, é real, ela tem que prevalecer", afirma o agente dos Correios Márcio Lesse.
Outro ponto abordado pelos moradores é que a prática traz turistas e movimento o comércio local. Para o coordenador da associação dos espadeiros, Rodrigo Wanderley, o impasse só será resolvido com a regulamentação da prática.
Em nota, o exército informou que só fiscaliza produtos controlados. As atividades de fabricação, importação e exportação de pirotécnicos das empresas que possuem certificado ou titulo de registro junto à instituição.
g1 / foto: reprodução
0 comentários