O ano de 2022 está confirmando uma tendência verificada nos últimos três anos. Neste período, as mortes por envenenamento de escorpião no Brasil aumentaram mais de 70%.
A picada de um escorpião foi fatal para João Pedro, de sete anos. “Levamos para Campo Grande. Na estrada, ele teve duas paradas cardíacas. Antes de chegar no hospital ele morreu”, conta Luciana Souza dos Santos, mãe de João Pedro.
Kemilly, de três anos, também não resistiu ao veneno, mais agressivo em crianças por causa do organismo ainda em desenvolvimento
“Foi picada numa base de oito e meia da noite. Aí só passou a noite de quinta-feira. Quando deu nove e quinze ela faleceu da sexta-feira”, diz Adelson Roque Mendes, pai de Kemilly.
Os casos aconteceram em Mato Grosso do Sul, onde os ataques do animal aumentaram 5% em 2022.
Segundo dados do Ministério da Saúde, as mortes por envenenamento de escorpião vêm crescendo no Brasil. Nos últimos três anos, o aumento foi de 76%. De janeiro até agora, são 52 mortes e mais de 65 mil acidentes no país.
Diversos fatores explicam o aumento de casos mesmo depois do verão, período mais crítico, segundo Malson Lucena, professor do Instituto de Biociências da UFMS.
“O desmatamento, o aumento da produção do lixo e o descarte inadequado. Então, a gente vê lixo por toda cidade. O avanço da cidade, também, desordenado. Então, as construções vão avançando na área rural. E, por último, a capacidade adaptativa dos próprios animais. Essa capacidade de se reproduzir sem precisar de outro. E eles também têm uma dieta muito variável. Então, uma disponibilidade muito grande de insetos”, diz Malson Lucena.
E eles podem estar dentro de casa.
“Ralos, tanques, pias sempre fechados. Se você tem criança na sua residência, manter as camas afastadas das paredes. Evitar que as roupas de cama encostem no chão, sobretudo durante a noite. Quando a criança for dormir, visite a cama, veja embaixo dos travesseiros, embaixo dos cobertores. Quando for calçar o sapato, verifique se não tem nenhum animal dentro do sapato”, explica o biólogo Isaías Pinheiro.
Além de lavar o local da picada com água e sabão, é preciso tirar uma foto do animal para identificação e procurar o pronto socorro.
“Para o profissional de saúde fazer o primeiro atendimento, analgesia, bloqueio anestésico, ou até o soro antiescorpiônico. Geralmente a gente vai utilizar em casos moderados e graves. E, às vezes, nesses casos moderados e graves, precisa de internação até mesmo em CTI”, afirma o dermatologista Alexandre Moretti de Lima.
jornal Nacional
0 comentários