A preocupação com a saúde, impulsionada pela pandemia da Covid-19, trouxe mudanças significativas para os hábitos da população. Entre as transformações, o crescimento no consumo de alimentos orgânicos.
De acordo com o Panorama do consumo de orgânicos no Brasil 2021, divulgado pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), o país registrou um aumento de 63% no consumo desse tipo de alimento em relação a 2019. Nos estados do Nordeste, 60%.
No ranking nacional, a região é a segunda em consumo. Ao serem entrevistados, 32% dos nordestinos afirmaram ter consumido algum produto orgânico nos últimos 30 dias, ficando atrás do Centro-Oeste e do Sul, que empataram com 39%. Em 3º lugar aparece o Sudeste, com 26%, seguido pelo Norte, 15%. No Brasil, a média de consumo ficou em 31%. A maior parte destes consumidores, 41%, disseram buscar o alimento orgânico com o objetivo de melhorar a saúde.
“O orgânico tem se destacado como uma opção muito relevante dentro de uma atitude saudável, já que também é um cuidado coletivo. O consumidor começou a entender que comprar orgânico é um ato político de bem-estar social e ambiental. Isso teve um boom na pandemia porque as pessoas começaram a enxergar no orgânico uma opção saudável”, disse o diretor da Organis, Cobi Cruz. Com o avanço no consumo desse tipo de alimento, Cobi afirma que os produtores precisaram adaptar sua produção. “Tivemos uma curva muito acentuada em 2020 no início da pandemia, cerca de 30%, mas estamos longe de estar saturados”, completou.
Para ser considerado orgânico, o produto precisa cumprir uma série de exigências elencadas pela legislação nacional. Esta prevê um sistema orgânico de produção agropecuária, ou extrativista sustentável, que beneficie o ecossistema local, proteja os recursos naturais, respeite as características socioeconômicas e culturais da comunidade local, preserve os direitos dos trabalhadores envolvidos e não utilize organismos geneticamente modificados nem químicos sintéticos. Além disso, o produto precisa ser certificado com um selo que é emitido pelo Ministério da Agricultura.
A agricultora Eliane Silva, 53 anos, trabalha com alimentos orgânicos desde 2008. Em sua plantação, em Belo Jardim, no Agreste, ela e a família cultivam frutas, tubérculos e verduras. Eliane é uma das 305 produtores de orgânicos do município, o primeiro do estado em número de produtores. Pernambuco, por sua vez, tem 1.018 produtores ativos, 35% a a mais em relação a 2020. Naquele ano, havia 751, segundo o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
No estado, 43 municípios contam com produção orgânica de algum tipo de alimento. Depois de Belo Jardim aparecem Mirandiba e Ouricuri, ambas no Sertão, com os maiores números de produtores orgânicos, 247 e 86 produtores, respectivamente. O ranking segue com Araripina (68), Triunfo (53) e Santa Cruz da Baixa Verde (51).
Com a certificação, Eliane conta que a distribuição dos alimentos produzidos pela família foi facilitada. “Com o selo ficou melhor na hora de vender porque os donos dos comércios querem saber se é orgânico de verdade”, comentou. Para ela, os que têm mais saída são as verduras. “O que a gente planta mais é coentro”, completou.
A relação de orgânicos produzidos em Pernambuco é extensa. O produto de maior expressão é o milho, plantado por 309 produtores. Em seguida aparecem o feijão e o sorgo, com 269 e 211s, respectivamente. Já o algodão fica em 4º lugar, com 210, enquanto a banana é cultivada por 119. Exceto a banana, todos os outros costumam ser produzidos por meio da agricultura de sequeiro, modo de plantação em que a lavoura é implantada durante o período chuvoso.
Folha Pernambuco Foto Ilustrativa
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