Uma solicitação de pedido de socorro do leitor Alex Oliveira, chamou a atenção da reportagem da REDEGN: a falta de macas nas ambulãncias tem provocado colapso no setor da saúde. É um problema nacional. Hospitais superlotam e as macas que vão nas ambulâncias ficam retidas servindo de leito nos hospitais.
A REDEGN publicou hoje pela manhã que um filho denunciou que o "pai apesar de receber regulação não conseguiu transferência. A Secretaria de Saúde de Juazeiro informou que a regulação do paciente foi aprovada para a unidade de referência, porém a UPA está com as macas retidas em hospitais da região, servindo como leito aos pacientes atendidos. A Sesau reforma que a UPA dispõe de ambulância e está percorrendo os hospitais, com a finalidade de resgatar as macas que se encontram retidas para continuar com os atendimentos à população.
O problema está presente destde 2018. "Bom dia! Estamos com 19 remoções pendentes, inclusive dois idosos com fratura de fêmur e urgência dialítica. Precisamos de liberação de maca”.
A primeira mensagem de mais um dia de trabalho, em um grupo de WhatsApp com profissionais e gestores, responsáveis pelas UPAs, revela o drama que esses profissionais têm enfrentado. A saudação, seguida de um pedido desesperado de ajuda, é de uma integrante da equipe de gestão de uma unidade de saúde.
“Temos pacientes que esperam [transferência para hospitais] há seis dias”, reforça ela, na tentativa de sensibilizar os superiores. Sem respostas, a profissional exausta lamenta: “Por isso o plantão permanece restrito. Iremos solicitar aos pacientes que procurem outra unidade, infelizmente não temos mais espaço para acolhimento. Só dispomos de um respirador livre”.
O aúdio transformado em texto mostra um relato real no grupo de WhatsApp UPA 24h. Intervenções foram feitas para preservar a fonte.
Até mesmo para leigos, sem intimidade com os jargões da área da saúde, é fácil entender que a mulher que intercede por quase 20 doentes reclama da falta de macas. A ausência do equipamento básico na UPA impede que os enfermos, que já tiveram as vagas em hospitais confirmadas pelo setor de regulação da própria SES, sejam removidos para as unidades de alta complexidade. E sem as macas as ambulâncias não rodam.
Sem acesso ao serviço médico adequado, esses pacientes que aguardam uma maca ficam expostos a contaminações enquanto assistem suas chances de recuperação diminuírem a cada minuto perdido. Ao mesmo tempo são condenados a perambular atrás de outra unidade que ao menos tenham espaço físico para lhe receber.
“A retenção de macas nos hospitais é um problema recorrente. Hospitais lotados. Então, quando o doente é transferido, mesmo que a regulação indique o leito, o que há na verdade é um espaço para ele ficar com a maca”, explica em reserva um servidor da SES.
A médica sanitarista e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Bernadete Perez, explica que o gargalo logístico no gerenciamento das macas é um sintoma de problemas mais graves da própria rede de saúde.
As macas que faltam nas UPAs se amontoam nos corredores ou em salas superlotadas dos hospitais. Fotos e um vídeo anexados a uma denúncia que esteve sob investigação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) mostram a realidade na maioria dos hospitais: pacientes e acompanhantes por todos as salas, corredores, muitas vezes em macas rente ao chão.
A grave situação das UPAs e dos hospitais em relação a falta de leitos e à retenção das macas se tornou alvo de um inquérito civil no Ministério Público (MPPE). A promotoria de defesa da saúde notificou todos os grandes hospitais para que informem o número de leitos de retaguarda em cada unidade.
“Pedimos informações aos hospitais para entender melhor qual a real situação e assim poder atuar para começar a solucionar esse problema e garantir o mínimo de dignidade no atendimento aos pacientes. Não é um assunto fácil de se resolver, não basta comprar mais macas, mas precisamos enfrentar e pensar juntos soluções”, afirma a promotora de defesa da saúde, Maria Ivana Botelho.
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