No final de semana em que se comemora o Dia Internacional do Livro Infantil - o gênero literário é celebrado em homenagem ao consagrado escritor dinamarquês Hans Christian Andersen - o caderno Cultura+ dedicou a edição para dar visibilidade a projetos de incentivo à leitura que fazem diferença nas comunidades, a exemplo do Geladeira Cultural PE.
Idealizado em 2013, no bairro de Águas Compridas, Olinda, pelo ativista social Sérgio Santos, o Geladeira Cultural PE é um dos diversos projetos encampados pelo Movimento Social Periferia & Cidadania. Em parceria com outras organizações sociais e privadas, tem por objetivo garantir o acesso de crianças, adolescentes, jovens e adultos dos bairros periféricos da Grande Recife ao universo da leitura.
Juntando boa vontade com muita criatividade, Sérgio passou a recolher doações de livros e geladeiras usadas, mobilizou artistas grafiteiros para revitalizar suas carcaças e beneficiar comunidades com minibibliotecas. Dessa maneira, as prateleiras que antes conservavam alimentos passaram a dar espaço para livros, que não deixam de alimentar o conhecimento.
Dentro do refrigerador sempre são oferecidas obras de diferentes temas, desde literatura infantil até livros específicos de administração, economia e política. O "abastecimento" conta com a ajuda de doações de parceiros, da sociedade e da própria comunidade, que é incentivada a fazer trocas de livros para circular novos títulos.
Ao longo dos anos, o projeto Geladeira Cultural PE entregou equipamentos revitalizados em quase todas as cidades da Região Metropolitana. A maior parte no Recife e Olinda. Em parceira com o coletivo Coca-Cola, também foram contempladas comunidades em Igarassu, Itamaracá, Abreu e Lima, Cabo, Ipojuca e Jaboatão. Outra parceria, desta vez com o Sicredi - geladeiras foram entregues em Salgueiro, Petrolina, Pesqueira e Sanharó, no Sertão de Pernambuco.
Sem ajuda governamental e contando apenas com parcerias com o setor privado e outras organizações, Sérgio acaba muitas vezes custeando o projeto. "Esses carros que vão pegar as geladeiras, eu termino pagando o frete. Então, não tenho como fazer essa inda e vinda para pegar. Tudo eu termino colocando do meu bolso, não tenho orçamento para cobrir o projeto", explica.
"Ao contrário do que se pensa, nas comunidades as pessoas gostam muito de ler. Então, não tenho dificuldade nenhuma de colocar geladeiras e já ver adolescentes e crianças abrindo para pegar livros, gibis e começar a folhear. As bibliotecas poderiam fazer uma diferença enorme de estímulo à leitura e quem sabe despertar novos talentos. A falta de biblioteca tem sido sanada pelas geladeiras culturais que chegam nas comunidades como minibibliotecas, saciando essa fome literária e de sonhos", afirma Sérgio.
Ascom
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