O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou durante pronunciamento nesta quinta-feira (31), no Palácio dos Bandeirantes, que vai manter sua pré-candidatura à Presidência da República pelo partido. Ele deixou o governo do estado e o vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), vai assumir e se candidatar ao cargo no estado.
O plano de uma possível desistência da pré-candidatura ao Palácio do Planalto era uma espécie de contra-ataque de Doria ao que ele via como uma traição do PSDB, uma vez que uma ala do partido tem trabalhado para que o candidato do partido à Presidência seja o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
No início do seu discurso, ele se dirigiu a Rodrigo Garcia (PSDB) e reforçou a lealdade do vice-governador.
"Como é bom olhar para os olhos das pessoas, Rodrigo e perceber esse sentimento de gratidão. E gratidão é aquilo que eu sinto por você, amigo, colega, parceiro, leal e dedicado", disse.
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, o presidente da Assembleia Legislativa, Carlão Pignatari (PSDB), o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), o presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), integraram a coletiva de imprensa.
Doria e Garcia deram as mãos e todos cantaram o coro de "Brasil para frente, Doria presidente". "Hoje, nós estamos chegando ao final de um ciclo, mas ninguém está aqui para te dizer adeus, nós estamos aqui para te dizer um até breve. Um até breve porque nós sabemos da importância para o Brasil daquilo que você fez em São Paulo e fará no restante do Brasil", disse Garcia.
O secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, e Pignatari, elogiaram a atuação de Doria, e reafirmaram "a importância de dar continuidade ao projeto" do governador.
Em meio a bastidores de um tucanato em ruínas, Doria frisou a participação de 619 prefeitos das 645 cidades do estado.
Doria venceu as prévias do PSDB para concorrer à Presidência da República no fim de novembro de 2021. Na época, ele obteve mais que a maioria dos votos (50% mais um) e superou Leite e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.
A disputa foi marcada por divergências entre os pré-candidatos, que dividiram posições dentro da legenda. Ao longo da pré-campanha, Doria e Leite trocaram farpas, e a demora para a conclusão da votação acabou agravando a crise entre os governadores.
Apesar de ter perdido as prévias, Leite vem mantendo a disposição em concorrer à Presidência da República. Ele chegou a negociar uma ida para o PSD, de Gilberto Kassab, mas, após uma carta de tucanos tradicionais, decidiu permanecer no PSDB .
A última pesquisa Datafolha, feita em 22 e 23 de março, simulou dois cenários da disputa presidencial com a presença de Doria no 1º turno. Em ambos, ele tinha 2% das intenções de voto na pesquisa estimulada (em que os nomes são apresentados aos entrevistados) – percentuais ainda menores do que ele havia registrado em pesquisa feita em dezembro.
No final da semana passada, Eduardo Leite deixou o cargo de governador do Rio Grande do Sul e, no início desta semana, disse que respeita as prévias do PSDB, mas que elas não podem servir como corrente para o partido.
No último domingo (27), Doria chegou a afirmar, em coletiva de imprensa, que a articulação de parte minoritária de integrantes do PSDB que querem tirá-lo da disputa presidencial na eleição de 2022 é um “golpe” e uma “tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar” o partido.
“Diante de prévias realizadas com o amparo da Justiça Eleitoral, com investimentos também registrado na Justiça Eleitoral - foram R$ 10 milhões investidos para que o partido fizesse suas prévias - as prévias valem. Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe. Uma tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar o PSDB”, disse na ocasião.
G1 / foto: Rodrigo Rodrigues/g1
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