Passados nove dias desde a invasão russa à Ucrânia, a economia global já começa a sentir as consequências da guerra. No Brasil, segundo analistas, um dos maiores impactos será sentido na agricultura, já que o país importa grande parte dos fertilizantes da nação russa, que tem sofrido diversas sanções econômicas.
Na Bahia, para tentar minimizar os impactos, na próxima semana representante da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) se reunirão com produtores visando encontrar os melhores caminhos caso ocorra um possível desabastecimento dos insumos.
A produção agrícola do estado tem ganhado força nos últimos anos. A soja cultivada na região Oeste, por exemplo, representa quase 60% de toda a produção da região Nordeste de acordo com os dados da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
No solo baiano também são produzidas outras culturas como algodão, milho e café. Mas para que a produção alcance o mercado externo ou se torne, por exemplo, matéria prima para ração utilizada na pecuária e avicultura, a semente precisa de tempo e nutrição até alcançar o ponto de colheita. É aí que entram os fertilizantes.
À frente da Seagri, João Carlos Oliveira pondera que os solos brasileiro e baiano tendem a uma escassez de nutrientes como o potássio, fósforo e nitrogênio. Justamente os importados da Rússia. “Nosso solo é muito dependente destes adubos químicos. Cerca de 25% de todo o fertilizante importado para o Brasil em 2021 foi oriundo da Rússia. A questão da guerra dificulta a importação por conta do fechamento de portos. Já a alta do preço do petróleo também afeta o transporte dos fertilizantes”, esclarece.
De acordo com o secretário, mesmo antes do conflito começar na prática, a crise diplomática lá já interferia no plantio aqui. “Isso aumentou muito o custo de produção. Embora nossas commodities [soja, algodão, celulose, café] estejam bem situadas no mercado internacional, nos últimos 60 dias já tinha uma tendência para tal, e aumentou muito o custo de produção. Isso é extremamente preocupante”, destacou.
A pasta está recomendando que agentes agrícolas e os produtores invistam em técnicas que reduzam o consumo das substâncias. “Por exemplo, na minha condição de agrônomo entendo que você pode trabalhar com uma reavaliação do manejo. Alternativas como a rotação de culturas, com incorporação de plantas que agregam nutrientes ao solo como algumas leguminosas. Também podemos fortalecer a agricultura de precisão para evitar desperdício de fertilizantes. Tudo isso precisa ser repensado e incorporado nesse momento que vivemos”, ponderou.
Redação redeGN
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