“Ô, ô saudade, saudade tão grande”, do chão tomado pela alegria de pés afoitos, das multidões inquietas no sobe e desce de ladeiras, dos ladrilhos que estremecem pela sonoridade secular mais pernambucana de todas, o Frevo.
Nesta quarta-feira (9) é dia de celebrar o gênero, oficializado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2012, e que foi pela primeira vez citado na imprensa como o termo “frevo”, no extinto Jornal Pequeno, em 9 de fevereiro de 1908.
De lá para cá – e antes, bem antes com o Clube Vassourinhas, por exemplo, que data de 1889 – é ele quem dita a Folia de Momo em sua essência e faz chorar saudosos os milhares de brincantes ao raiar das famigeradas Quartas-feiras de Cinzas de todos os anos.
Ah, mas a quarta-feira ingrata perdeu o protagonismo das lágrimas dos foliões para uma pandemia que segue silenciando Recife e Olinda, berços intocáveis do colorido das sombrinhas e de um povo que ostenta com orgulho o bastão de que “é só aqui que tem, é só aqui que há” o melhor Carnaval do mundo.
Mas, mesmo sem os ferrolhos, molas, dobradiças e locomotivas do Frevo, passos que seguem distantes dos becos, ruas e avenidas das cidades pernambucanas neste 2022, as celebrações ao “dia dele” vão acontecer, incrementadas também pelos oito anos do Paço do Frevo que por sua vez recebe com honrarias outro aniversariante, a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (OPBH) e o seu comandante, o Maestro Forró, quem atravessa duas décadas de deleite e alegria no ritmo que ele abraçou em suas tantas possibilidades.
“Canibal, Getúlio e Ferreirinha estarão comigo para a primeira ação deste ano pelos 20 anos da OPBH, numa data especial para o Frevo e para o Paço do Frevo”, contou Forró à Folha de Pernambuco. A partir das 19h de hoje, com transmissão pelo Youtube do espaço, o público pode conferir o show/live que será apresentado pelo Maestro e sua trupe de músicos que, no palco, esbanjam ‘evoés’ saudando o frevo e outros ritmos da folia.
“Preparamos um show que vai misturar nossos trabalhos, e não vai faltar também a música afro-brasileira, releituras e homenagens. O Frevo é cheio de possibilidades, desde sua essência ele traz uma série de diversidades que se transformam.
Eu sou um personagem que agrega alegria e espontaneidade a essa diversidade”, adianta Forró, citando entre as homenagens que fará hoje à noite, a dedicada ao Maestro Ademir Araújo, Patrimônio Vivo do Estado e um dos nomes de peso do Frevo em Pernambuco.
E se é para matar a saudade do Carnaval (e do Frevo), hoje é o primeiro dia entre outros tantos que vão amenizar mais um ano sem folia em Pernambuco.
O aniversário do Paço do Frevo – equipamento mantido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife - ganha comemorações no decorrer de todo o mês de fevereiro.
Maestro Forró abre alas e a programação do espaço segue diversa, com vivências de dança e de música, formações da Escola Paço de Frevo, além de shows-lives com a Banda de Pau e Corda, Luciano Magno e Hugo Linns.
Serviço Programação do Paço do Frevo
Quarta-feira (9), Dia do Frevo: show/live da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério & Maestro Forró, e convidados, a partir das 19h no YouTube do Paço
Sexta-feira, dia 11: Show/Live de Hugo Linns, ao meio-dia
Sábado, dia 19: Show/Live de Luciano Magno, às 19h
Domingo, dia 20: Escola Paço do Frevo - Roda de Conversa “Guitarra Blues/Guitarra Frevo”
Quinta-feira, dia 24: Show/Live da Banda de Pau e Corda
Terças, sábados e domingos de fevereiro: Vivências de Dança e Música para os visitantes
Folha Pernambuco/Germana Macambira
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