A Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde, da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), está acompanhando a subnotificação de resultados positivos da Covid-19, a partir de testes feitos por laboratórios privados de Salvador e de Lauro de Freitas, na região metropolitana.
As unidades não noticiaram casos confirmados da doença nos últimos dois meses. Nesta sexta-feira (28), a Central Integrada de Comando e Controle da Saúde, da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), registra 26.681 casos ativos da doença, dos 1.339.384 registrados desde os primeiros casos da doença no estado, em março de 2020.
Ainda não há detalhes de quantos casos foram subnotificados no total, nem quando eles serão contabilizados como registros. Os casos foram identificados nas redes laboratoriais Sabin, LPC e Hermes Pardin. Também em 2020, o governo da Bahia determinou que as notificações de casos registrados da Covid-19 deveriam ser feitas de forma compulsória pelos laboratórios, no prazo de até 24 horas. Todas as unidades que fazem análise de testes da doença têm que ser habilitados ao Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA).
A situação envolvendo a subnotificação começou com rumores entre servidores e virou denúncia na Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde, que segue acompanhando o caso. O assessor do órgão, Raoni Rodrigues, explica que essa falta de comunicação é uma infração.
“De algum modo, a investigação atinge não o que motiva, mas a situação em si. Um mero atraso, de alguma forma, é uma infração que precisa receber uma resposta do poder público. A gente tem percebido a dificuldade que alguns laboratórios têm de manter o quadro reduzido, em um momento em que a proporção de testes é muito maior. A gente percebe uma dificuldade de fazerem a notificação a tempo, que é em 24 horas", explica.
Raoni detalhou que a subnotificação impede que medidas de controle da pandemia sejam tomadas com mais brevidade, para evitar que mais pessoas fiquem doente.
“A subnotificação é muito grave. O poder público e a sociedade em geral precisam entender como a Covid-19 está evoluindo diariamente. A partir do momento em que não se tem esse resultado diário, há lentidão do processamento de dados e políticas públicas e medidas emergenciais deixam de ser adotadas na hora certa. A gente tem, por exemplo, a liberação de alguns eventos que são conduzidos por esse tipo de dados, até mesmo a abertura de leitos de internação, leitos de UTI".
"Esses dados precisam ser religiosamente alimentados, para que o poder público possa realizar as condutas necessárias para proteger a população diante desse cenário epidemiológico que é sempre progressivo e tem se modificado ao longo desses dois anos que a gente está enfrentando”.
Ele disse ainda que o estado pode ter uma curva de crescimento de casos, quando esses dados forem notificados ao estado.
“Com a tomada de medidas fiscalizatórias em conjunto com o estado e os municípios, é possivel que a gente acabe induzindo que resultados sejam processados agora no sistema e acabem entrando nos dados do Ministério da Saúde, com um provável aumento de curva".
O que dizem os laboratórios?
Por meio de nota, o Sabin Medicina Diagnóstica informou que os casos positivos de exames de Covid-19 realizados pela empresa são notificados às vigilâncias epidemiológicas locais e ao Ministério da Saúde. A empresa disse que, até o momento, não foi oficialmente comunicada de qualquer falta de notificação.
Já o Hermes Pardini informou que processa exames de Covid-19 para quase seis mil laboratórios parceiros no Brasil, que são responsáveis por coletar as amostras dos clientes, e eles ficam com a parte da análise.
No caso dos testes positivos, o Hermes Pardini afirmou que notifica os parceiros, a quem fica a responsabilidade de notificar a vigilância epidemiológica local.
Disse ainda que informa diretamente às agências de vigilância sanitária municipais nas cidades onde têm unidades próprias: Minas Gerais, Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo e Pará. Em Minas Gerais, como laboratório de referência, o Hermes Pardini informa também à Secretaria de Saúde do Estado.
A LPC afirmou que por causa do momento crítico da pandemia e, consequentemente, o elevado aumento na procura por exames para Covid-19, a empresa teve um impacto direto nos fluxos, que acarretou no atraso momentâneo no envio dos dados.
O laboratório informou que tem trabalhado para reestruturar as operações para resolver a situação o mais rápido possível.
G1 Bahia
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