Os países ricos doaram uma fração das doses que prometeram ao consórcio Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar a imunização contra a Covid-19 de forma igualitária.
As doações estão demorando mais que o esperado, porque os países têm aplicado doses de reforço na sua própria população e iniciado a imunização de crianças e adolescentes, o que cria um importante dilema ético para o mundo.
Os Estados Unidos, por exemplo, haviam se comprometido a doar 587,5 milhões de doses, mas só 193,4 milhões chegaram ao Covax até agora, conforme dados reunidos pela plataforma Ourworld in Data, da Universidade de Oxford. Desse total, apenas 140,3 milhões foram efetivamente entregues as nações que necessitam.
Já a União Europeia chegou a anunciar que disponibilizaria 451,5 milhões de doses. Desse total, chegaram ao sistema Covax 298,3 milhões de doses e apenas 57,8 milhões já foram distribuídas e aplicadas. No Reino Unido, a diferença é ainda maior. Das 100 milhões de doses prometidas, só 26,2 milhões foram entregues ao Covax e 8 chegaram ao seu destino.
As doses de reforço e a imunização de menores de 18 anos são recomendadas pelos especialistas, mas, enquanto isso, o vírus tem se disseminado em países com baixa vacinação, facilitando o surgimento de novas variantes, como a Ômicron. Nos países africanos, nem mesmo os profissionais de saúde estão completamente vacinados.
Mais de ano após o início da campanha global de vacinação, que começou em dezembro de 2020 no Reino Unido, a desigualdade na aplicação dos imunizantes é muito expressiva. Em média, 58,4% da população global recebeu pelo menos uma dose de vacina. Nos países mais pobres do mundo, esse percentual é de 8,5%.
O atraso nas doações dos países ricos é um dos motivos da frustração das metas do consórcio Covax Facility. A meta inicial da OMS era vacinar 2 bilhões de pessoas por meio da iniciativa em 2021, mas o concreto menos da metade: 907 milhões de imunizantes foram distribuídos até agora.
O consórcio também sofreu com falta de doses, por causa de dificuldades em uma fábrica de vacinas na Índia. Além disso, a logística é complicada nos países pobres, que não possuem sistemas públicos eficientes. Vale ressaltar que o Covax não funciona apenas com doações, já que alguns países efetivamente compraram vacinas a preços mais baixos.
Fonte: CNN Brasil
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