As recordações deslumbrantes dos giros por terras além-fronteiras, repercutem por longos anos em nossa memória, em razão da convivência de alguns dias com as ricas raízes culturais históricas, as quais sedimentaram as bases de civilizações milenares.
A cada passo as emoções parecem conduzir os visitantes à pretensão inglória de querer passar a história a limpo, mas, apenas retornam com sentimentos de mais respeito à criatividade, à força e à energia dos bravos construtores daquela época.
Sem os recursos técnicos e a qualidade dos equipamentos hoje existentes, a pergunta inquietante que mais se ouvia era: “como foi possível a construção de tantos e tão belos monumentos naquele tempo, cujo grau de dificuldade parecia não ter limite”? Como seria bom se existisse um único remanescente para contar como aquilo tudo foi possível!
O Templo Partenon, em Atenas, é um pujante exemplo dessa grandiosidade. Construído há 2.462 anos a.C., no alto de uma colina, 150m acima do nível do mar, erguido com blocos enormes de pedra e mármore, e gigantescas colunas! Porque não dizer, também, da admiração e reverência que inspiram aos visitantes, saberem dos conhecimentos técnicos, científicos, médicos, filosóficos e políticos daqueles povos, os quais se constituíram em formadores de civilizações futuras e berço da cultura!
Por todo o universo de observações realizadas em nosso giro, das mais complexas às mais simples, a formação cultural do continente europeu oferece um vasto campo de novas experiências, inspirando uma releitura de ideias, práticas, atitudes e costumes, componentes da estrutura cultural de nosso povo. Tudo isso permite uma visão eloquente de como é necessário corrigir tantos erros e desvios educacionais no comportamento de nossa gente e, quiçá, na atitude de administradores e das pessoas responsáveis pelas ações diretas do interesse público. E aqui está, simplesmente, o “X” da questão!
Certa feita, durante um city tour em Paris, o guia parou o ônibus em frente a um bar e todos desceram para beber uma água, outros alguma cerveja. Quando acessaram o interior do bar, todos falavam alto e davam gargalhadas descontroladas, numa demonstração de alegria e felicidade. Afinal, estavam em Paris! Mas, de repente observei que vários franceses que ocupavam as mesas estavam com os dedos indicadores colocados no ouvido, como se estivessem se protegendo do alto ruído e, certamente, a nos chamar de “mal-educados”! Foi feio demais! Entretanto, aqui para nós, estar num barzinho falando baixinho, num silêncio sepulcral, é pedir demais, ou não?
Outro registro marcante traz à lembrança que na cidade de Sintra, em Portugal, andava com alguns amigos à procura de alguma sujeira nas ruas de grande movimento e não a encontrava. Enfático exemplo de que o cidadão tem consciência do conceito de limpeza e coopera com o poder público. No Brasil, nesse particular, e em hábitos de boas maneiras, temos a cidade de Gramado-RS como um bom exemplo.
Esses fatos, conquanto aparentemente simplórios, sugerem que providências básicas podem reincorporar nossas crianças, jovens, e até muitos adultos, em um mundo de novas regras de comportamento, gestos e posturas, que possam resultar num conceito social mais digno.
Não quero e nem devo me indignar diante dessa pobreza comportamental, dentre outras mazelas e maus costumes, porque migrar para um novo tempo é um processo gradual e que demanda anos, na exata proporção dos níveis de investimento na educação de nossas crianças e jovens. Níveis esses que precisam melhorar, sobremaneira. E porque não dizer, isso precisa acontecer urgentemente!
É triste ver o desprezo de muitas pessoas com a boa educação. Enquanto isso – vejam nas fotos da ilustração -, até os cães começam a dar bons exemplos de como se comportar diante de uma faixa de pedestres na via pública. Só sei que isso deveria ser copiado e replicado pelo país afora como algo exemplar.
Evidência clara de que exemplos de boas maneiras estão vindo, agora, até do reino animal! A prova aí está. Alguma dúvida?
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
13 comentários
24 de Oct / 2021 às 23h07
Muito bem Agenor. A leitura, hoje, foi por aqui. Excelente crônica. (Salvador-BA).
24 de Oct / 2021 às 23h09
Da primeira palavra até a última esse Artigo traz verdades e realidades das quais não se pode dizer o contrário. Os tempos mudaram? Não sei... mas que está acontecendo algo diferente nos comportamentos isso é inegável. Por isso o Artigo é pontual e na hora certa!
24 de Oct / 2021 às 23h10
Bela argumentação, boa provocação, vamos ver se chega aos grandes gurus da educação, pois a mesma se encontra aniquilada, e nossos jovens à mercê de uma falta de educação brusca. Voltasse ao menos as aulas de educação moral e cívica que foram abolidas! (Uauá-BA).
24 de Oct / 2021 às 23h16
Parabéns, Agenor, belo texto! Estamos até perdendo a esperança. (São Paulo-SP).
24 de Oct / 2021 às 23h21
Mais uma bela crônica. (Salvador-BA).
24 de Oct / 2021 às 23h24
Belíssima crônica! (Alagoinhas-BA).
24 de Oct / 2021 às 23h27
Meu caro Agenor. O registro a respeito da cultura, educação, técnica, engenharia, etc, comparado ao que antepassados realizaram mundo afora, a milênios de anos, é notável. Concordo com seu ponto de vista: seria necessário -embora impossível- que alguém daquela época sobrevivesse para nos dizer como tais fatos foram possíveis numa época de recursos zero. Mas pegando o gancho do exemplo de cães disciplinados, lembro que estive por 3 vezes em Gramado (RS) e atesto o sentido de limpeza e organização daquele povo. Mas, não sei se lhe falei sobre uma experiência minha na cidade de Gandu, (continua)
24 de Oct / 2021 às 23h28
(Cont.) ...onde morei de 1945 até 1955. Em 1962 ou 63, eu trabalhava em banco particular e tinha relacionamento com o saudoso colega Heraldo Paim da AABB. Este programou um jogo de futebol para Gandu e me convidou para atuar pela AABB. Lá chegando, após o jogo, à noite, saímos a passeio pela cidade e o cigarro (neste tempo eu cultivava o vício) fora o último. A embalagem do cigarro que acabara, fiquei constrangido em jogar na rua, devido à limpeza que se observava na cidade, bem diferente do meu tempo de morador. Guardei a embalagem no bolso e descartei-a onde me foi possível sem (continua)
24 de Oct / 2021 às 23h29
(Cont.) ...macular a limpeza das ruas da cidade. Sobre o fato, estou concordando com suas conclusões e não sei se atualmente Gandu continua naquele invejável grau de limpeza urbana. Mas é um fato que mostra a capacidade de um povo zelar pela sua cidade e colaborar com o poder público (Salvador-BA).
24 de Oct / 2021 às 23h34
Parabéns, Agenor! Belíssima crônica!! (Vitória-ES).
24 de Oct / 2021 às 23h36
Parabéns, Agenor! Belíssima crônica!! (Vitória-ES).
25 de Oct / 2021 às 00h41
Excelente! Mais uma constatação de que, mesmo você não falando de política (no sentido figurado), seus textos são dignos e se tornaram uma leitura obrigatória e agradável nas noites de cada domingo. Parabéns!
25 de Oct / 2021 às 07h42
Parabéns!!! (Feira de Santana-BA).