O Rio, Juazeiro/Petrolina e o parreiral Salve, salve 4 de outubro de 1501! Nessa data, há 520 anos, o navegador genovês Américo Vespúcio, ao se encantar diante do esplendor da foz daquele rio belíssimo, batizou-o com o nome do Santo do Dia, ou seja: SÃO FRANCISCO. Não imaginava o navegador, contudo, que aquelas águas encerravam no Oceano Atlântico uma brilhante trajetória de 2.863 Km, iniciada após a sua nascente histórica na Serra da Canastra, no município de São Roque de Minas, centro-oeste de Minas Gerais.
A partir daí segue no seu curso garboso e altaneiro através dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, e entre os Estados de Sergipe e Alagoas, onde conclui no Oceano todo o seu percurso, após passar por 521 municípios.
A sua bacia hidrográfica tem uma área de aproximadamente 641.000 quilômetros quadrados. Antes de ser batizado como Rio São Francisco, e ao longo do tempo carinhosamente chamado de VELHO CHICO, os indígenas da tribo “Centoce” o chamavam de RIO OPARÁ, cuja expressão veio da língua tupi-guarani para retratar a imensidão das suas águas ou “Rio-Mar”. Do nome da tribo originou o nome da atual cidade de Sento Sé. Outros, também, o chamavam de RIO DOS CURRAIS.
O dia 1º de outubro é dedicado no Brasil ao “Dia do Idoso”, mas, bem que poderia ser transformado em DIA DO VELHO CHICO o que muito honraria a todos nós idosos! Ou, ainda, já que temos sempre um “Dia” para homenagear tantas outras coisas, por que não transformar o próprio dia da sua descoberta, 04 de outubro, no DIA DO VELHO CHICO? Deixo a sugestão aos Vereadores e Deputados da terra, sempre embevecidos com as suas ricas potencialidades, para levantarem essa justa bandeira... É, sim, uma sugestão que considero oportuna! É impossível não refletir sobre o papel importante que desempenha na vida social e econômica das regiões ao longo das suas margens, hoje com particular destaque no fortalecimento do agronegócio, e efetiva contribuição no segmento de exportação de produtos da fruticultura brasileira para vários países do mundo.
Em artigo assinado pela Doutoranda Maria Regina de Oliveira Silva e Profa. Aldean Lima de Souza, editado no último dia 04/10 pelo Blog redeGN, as autoras foram muito felizes na definição da sua grandeza: “Os benefícios do rio não têm preço, tem valores”. Meus aplausos, Doutoras, pela leitura tão positiva do nosso Rio! Graças à benéfica influência, já de alguns anos, da migração de produtores de outras regiões do Brasil, principalmente do sul do País que, além de conhecimento técnico e ampla experiência, trouxeram uma grande diversidade de variedades produtivas, a economia no entorno do Rio deixou de lado formas primárias de produzir para assimilar conceitos técnico-profissionais modernizados.
Atualmente, impressiona ver o nível técnico dos produtores, bem como o grau de geração de oportunidades para os trabalhadores rurais em vasta área agrícola em suas margens. Por muito tempo o VELHO CHICO se notabilizou pela utilização das suas águas para a navegação em cerca de 1.371 km de extensão entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), além de mais 208 km entre Piranhas (AL) e a Foz no Atlântico, tipo de transporte já superado ou apenas parcialmente utilizado. Outro detalhe produtivo é a pesca, que sustenta e assegura a sobrevivência de milhares de ribeirinhos de muitas regiões.
Mas, como não lembrar que ao longo do seu curso existem 6 Usinas Hidrelétricas geradoras de energia! Oportuno lembrar, também, que nesse amplo processo produtivo gerador de riquezas, merece ênfase especial a produção de Uva de várias espécies, cuja qualidade tem aprovação geral, tanto para o consumo como para a produção de vinhos de alta qualidade. Nesta crônica optei por ressaltar as belezas e valores positivos do nosso VELHO CHICO no passado e no presente, os quais devem ser não somente exaltados, mas, sobretudo preservados, além do que ele representa de poesia e romantismo. Minha saudação aos trabalhadores e produtores rurais que participam desse grande projeto de riqueza agrícola!
Minhas homenagens ao povo do Vale do São Francisco! Parabéns ao aniversariante e, por favor, protejam o nosso bom velhinho de 520 anos!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.
11 comentários
10 de Oct / 2021 às 23h08
Um Artigo brilhante pelas colocações bem definidas em relação ao Rio São Francisco esse marco divisor na vida de todos nós. Ilustração perfeita e contexto escrito com a tinta da amizade e admiração por nossa Região, eis que sem dúvidas merece nossos aplausos!
10 de Oct / 2021 às 23h34
Viva o nosso encantador velhinho de águas transparentes! Lindo texto, de valioso conteúdo geográfico e de informações importantes para a necessidade de cuidar desse rio maravilhoso que tantos frutos traz ao nosso povo. Gratidão ao grande arquiteto do universo por nos presentear com nosso grande CHICO! VIVA SEUS 520 ANOS! (Salvador-BA).
10 de Oct / 2021 às 23h36
Bela aula de história amigo Agenor. Parabéns pelas colocações (Maracás-BA).
10 de Oct / 2021 às 23h40
Parabéns pela riqueza de detalhes. (Salvador-BA).
10 de Oct / 2021 às 23h44
Parabéns por essa homenagem ao Velho Chico. Você foi nosso professor de Geografia no colégio da Fraternidade, em Irecê BA. Gosto muito dessa matéria. Quando fiz a prova do IBGE para fazer o censo, tinha uma pergunta qual outro nome era conhecido o São Francisco. Eu não sabia que a resposta era “O Rio dos Currais”. (Nova Venécia-ES).
10 de Oct / 2021 às 23h54
Parabéns! A gente não deixa de se emocionar com essa homenagem ao Velho Chico, principalmente eu que na infância tive o privilégio de navegar de Pirapora à Juazeiro junto com Mãe e irmãos. (Salvador-BA).
11 de Oct / 2021 às 00h04
Maravilhada!!! Emoção em cada palavra! E como conseguiu, tão bem, em poucas palavras, expressar a importância, o valor e o apelo à necessidade de cuidados com nosso "colega" idoso (bem velhinho) mas sempre renovado pela corrente da abençoada fonte da vida - a água, que é ameaçada constantemente pela desastrosa ação humana. Amei!!! (Uauá-BA).
11 de Oct / 2021 às 00h11
Agenor: Durante o período de atividade no BB, uma vez estive em Sento Sé, Juazeiro, a sede da reunião com gerentes regionais do banco e em Sobradinho. Pena que, neste último local, tenhamos chegado após a passagem de um navio pela eclusa. Na ocasião, dois fatores chamaram a minha atenção, a saber: a) em Sento Sé, conheci a Fazenda Atibaiense, dirigida por um ex-candidato a Ministro da Agricultura, por este recusado, onde conhecemos o fantástico sistema de irrigação por gotejamento; b) em Sobradinho, o silêncio das turbinas - uma em operação e uma em instalação - sob comando de um (continua).
11 de Oct / 2021 às 00h12
(cont.) ...engenheiro soviético de pouco mais de 22/23 anos, tendo como intérprete um crioulo simpático que nos acompanhava. Por sinal, tenho um particular amigo engenheiro lençoense que foi diretor operacional da Chesf e sabe o nome do engenheiro soviético; A equipe da Superintendência, comandada pelo saudoso Napoleão Libório Arraes, viajou no famoso e barulhento Bandeirante (apelidado de Cai-Cai), via Petrolina, de onde um ônibus nos conduziu até Juazeiro, onde a reunião com gerentes foi à noite na Associação Comercial da cidade. Um fato que muito nos despertou atenção foi que, (continua).
11 de Oct / 2021 às 00h13
(cont.) ...almoçamos numa fazenda cuja propriedade era de um casal originalmente nipônico. Tinham 2 filhos chamados João e Antonio. Tal particularidade levou o também saudoso gaúcho Sérgio de Laforet Padilha, meu então chefe na Rural, a perguntar a razão dos dois nomes genuinamente brasileiros. O casal esclareceu que era uma homenagem ao Brasil pelo êxito de seus negócios, principalmente no Vale do São Francisco. São fatos indeléveis de nossa passagem por 12 anos de SUPER-BA. Quanto ao Velho Chico, pessoalmente, prefiro o nome batizado por Américo Vespúcio: São Francisco. (Salvador-BA).
11 de Oct / 2021 às 02h38
Agenor, exatamente com o disse você, enalteço “as belezas e valores positivos do nosso VELHO CHICO no passado”. Quando criança, eu ficava horas e horas escutando relatos do meu avô sobre o Rio São Francisco e suas Carrancas. Segundo ele, as barcas que circulavam pelo rio usavam figuras assombrosas na proa, como proteção e salvaguardavam os barqueiros, viajantes e moradores contra as tempestades, perigos naturais e maus presságios. Por tudo isto, igualmente ao escritor, faço o mesmo apelo: “Protejam o nosso bom velhinho de 520 anos”.