Acontece nesta terça-feira, às 19h30, o lançamento da Cartilha Articulação Sertão Antinuclear: NÃO à usina nuclear. O evento é promovido pela Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta, Pernambuco e será transmitido no canal do facebook pascom diocesefloresta. A mediação da roda de conversa é do educador, comunicador social, diretor da TV Raízes da Cultura, Libânio Francisco.
A antropóloga pós-doutora Vânia Fialho participa da conversa. Ela é coordenadora do Núcleo de Pernambuco do Projeto Nova Cartografia Social e o Doutorando Whodson Robson da Silva.
O texto “Sumir do mapa e outros scripts: táticas de matar e de resistir no confronto de indígenas e quilombolas com a central nuclear em Itacuruba”, desenvolvido por Whodson Silva e sua orientadora Vânia Fialho, no mestrado em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco, foi agraciado com a primeira colocação na premiação. Esse trabalho é resultante da agenda de pesquisas do núcleo do Projeto Nova Cartografia Social em Pernambuco que, desde 2015, tem acompanhando etnograficamente as mobilizações de indígenas e quilombolas no Sertão de Pernambuco contra a instalação de seis usinas nucleares no Rio São Francisco.
Além da dissertação de Whodson Silva, o desenvolvimento da pesquisa, coordenada pela professora Vânia Fialho, prevê outras duas teses de doutorado a serem defendidas até 2022 sobre temas diretamente correlatos, especificamente sobre a cadeia de produção energética e seus impactos no Sertão nordestino.
A coleção Cadernos da Nova Cartografia Social dos Sertões se destina à publicação de trabalhos que registram situações de unidades de mobilização de Povos e Comunidades Tradicionais e demais identidades coletivas emergentes no Nordeste do Brasil. As publicações apresentam, como convergência, as dinâmicas identitárias objetivadas em movimentos, associações e outras formas político- organizativas, bem como a pluralidade de modos de resistência na região central do território
brasileiro, referenciada como Sertão.
A cartilha destaca que a região do Sertão de Itaparica é apontada desde a década de 1980 como uma área de interesse para um empreendimento nuclear e, já nessa época, movimentos antinucleares tiveram sua expressão. Entretanto, é a partir de 2009, com a instalação do escritório da Eletro-nuclear em Recife, que o município de Itacuruba passa a ser destaca do como a “Rota de expansão d energia nuclear brasileira”
A cartilha argumenta dezenas de motivos para dizer NÃO à usina nuclear em Itacuruba, no Nordeste e no Brasil:
As centrais nucleares expõem a sociedade ao risco de acidentes de alta radioatividade, que podem trazer consequências catastróficas à vida das pessoas e ao meio ambiente;
Não há tecnologia capaz de resolver o problema dos lixos nu- cleares produzidos, cuja deposição final demanda altos investimentos;
Uma usina nuclear pode causar grandes danos ao meio ambiente, em especial ao Rio São Francisco;
O Brasil não precisa de usinas nucleares para atender às suas necessidades de energia elétrica. Soma-se o fato de que esta fonte representa apenas 3% da matriz energética brasileira;
A decisão de construir usinas nucleares no Brasil é política e antidemocrática. A população em geral e as pessoas diretamente impactadas não tiveram oportunidade de se manifestar;
A energia elétrica de matriz nuclear é caríssima, sendo injus tificável o investimento econômico. O custo para o encerra mento adequado das atividades das usinas antigas também é altíssimo;
É mentirosa a afirmação que tal empreendimento contribuirá com a geração de empregos locais e resolverá os problemas sociais dessa região. A população de Itacuruba, que já sofreu uma série de violências com a construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica, sabe que essas obras não trazem benefícios
nem autonomia local.
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