Estudantes de Juazeiro e Petrolina que moram na zona rural e que este ano vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio enfrentam dificuldades para alcançar os objetivos. Entre inúmeros problemas consta a conexão com a internet e o transporte público que muitas vezes não cumpre a tarefa de levar e trazer o aluno até a sala de aula.
A conexão com a internet tem sido um dos maiores problemas. A Aula trava, o sinal cai. De acordo com o IBGE no Brasil existem mais de 56 mil escolas rurais. Ana Paula Brandão, diretora de Políticas e Programas da ONG ActionAid, afirma que os problemas acontecem há décadas.
"Historicamente, são graves os problemas e lacunas relacionadas à educação no campo, que já vinham sofrendo bastante. Todo esse contexto se agrava na pandemia. Sabemos do imenso desafio que teremos para recuperar esses dois anos, que impactaram profundamente a educação no Brasil", observa Ana Paula.
A reportagem da REDEGN ouviu algumas histórias que são um retrato da educação na zona rural de Juazeiro e Petrolina. Os temas são principalmente a desigualdade social. Na zona rural, a educação é sempre mais precária. Doutora e professora do Departamente de Educação da Universidade Federal de Sergipe, Marilene Santos afirma que é na escolas mais pobres, esquecidas e precárias da área rural onde está a maior parte dos alunos desmotivados.
Professor Felipe Barros é graduado em Biologia, pós-graduado em metodologia do ensino de biologia e química, atualmente aluno do curso em Psicologia pela Univasf-Universidade Federal do Vale do São Francisco, leciona na zona urbana de Juazeiro, e também na educação rural, região Lagoa do Salitre.
Ele avalia que "infelizmente essa desmotivação acontece, mas a esperança deve ser essencial. "Mesmo com todo empenho do Governo do Estado existe graves problemas. A desmotivação é uma realidade. Mas existe aqueles alunos que continuam na busca de vencer estes desafios. E isto é nossa esperança maior, nosso desafio. Continuamos acreditando no conhecimento e educação como fator de transformação".
Ainda de acordo com Felipe Barros são vários fatores que vão influenciar no cenário da educação rural. "Existe a essa realidade e nós temos que juntos quebrar as barreiras para sejam derrubadas e um futuro seja melhor".
A professora Maricelia Vieira da Silva, profissional rede pública de ensino, também explica que a pandemia deixou muitos alunos sem direito à educação, principalmente os alunos da Zona Rural.
"São muitos os problemas enfrentados por esses alunos, desde a falta de acesso às tecnologias, problemas com a conexão e até o transporte escolar. Na cidade de Juazeiro, as escolas rede estadual retornaram com o ensino híbrido, porém os alunos que moram na Zona Rural e frequentam o Ensino Médio continuam com suas aulas de forma remota, uma vez que, essa modalidade de ensino acontece dentro das escolas municipais que ainda continuam de forma remota. Como muitos não tem acesso às tecnologias então estão fora da sala de aula, pois para que aconteça esse retorno eles dependem da abertura das escolas municipais", avalia Maricélia.
A professora alerta que a falta de transporte escolar afeta ainda mais os alunos do terceiro ano que estão prestes a fazer o Exame Nacional do Ensino Médio(ENEM). "Com isso, nossos alunos estão se distanciando da Universidade".
O cenário que muitos investimentos foram feitos na Educação por parte dos governantes, como a preparação da escola para um retorno seguindo os protocolos de segurança, aparelhos tecnológicos e plataformas digitais. "Mas ainda estamos muito distante de atender a esses jovens que aguardam o retorno das aulas. Estamos vivendo um momento muito difícil na Educação do nosso país, são muitos os alunos que perderam o direito à educação com a pandemia, isso é uma realidade que assusta. Por isso se faz necessário um olhar diferenciado para nossas crianças e jovens da rede pública de ensino. Pois os mesmos estão gritando por socorro", finaliza Maricélia.
TRANSPORTE: Um dos exemplos é o transporte dos estudantes do Distrito de Maniçoba, localizado em Juazeiro, Bahia. Na Rede Estadual de Ensino, alguns dos alunos que moram no interior estão sem transporte. Até o momento o poder público não deu uma resposta para a sociedade. Obrigados a pagar do próprio bolso, muitos são obrigados a desistir das aulas. Uma passagem custa em torno de 15 reais e a maioria não tem condições de pagar.
Alguns dos alunos falam do sonho que pode ser interrompido com lágrimas nos olhos. Alunos do CETEP-Sertão do São Francisco, Juazeiro, Bahia, apesar da vontade de ir para aulas presenciais pensam em desistir por falta de transporte escolar. Esta mesma situação afeta estudantes da zona rural de Petrolina.
O Programa Estadual de Transporte Escolar visa o atendimento e a permanência dos estudantes do ensino médio nas escolas da zona rural. O programa, desenvolvido em parceria com os municípios, objetiva diminuir os índices de repetência e evasão escolar.
A reportagem REDEGN enviou solicatação aos representantes do Governo do Estado na região uma explicação para a falta de transporte escolar, mas até o momento não obteve respostas.
0 comentários