O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) informou nesta terça-feira (10) que 52 integrantes do grupo que viajou ao Japão para a Paralimpíada de Tóquio, sendo 27 atletas, estão em isolamento total em Hamamatsu, cidade onde é feita a aclimatação antes do início dos Jogos, a 250 quilômetros da capital japonesa. Segundo a entidade, esportistas das seleções de natação, tênis de mesa, halterofilismo e goalball não estão podendo sair dos respectivos quartos de hotel, nem mesmo para treinar.
Nesta segunda-feira (9), o Comitê revelou que dois membros da delegação (não atletas) testaram positivo para o novo coronavírus (covid-19) na chegada ao Japão. Um deles estava com o grupo que viajou na quinta-feira (5) e teve a contaminação detectada no exame de PCR realizado ainda no aeroporto de Narita, em Tóquio, após apresentar resultados negativos nos três testes realizados na semana anterior ao embarque.
Dono de 24 medalhas paralímpicas na natação, sendo 14 de ouro, Daniel Dias é um dos atletas em isolamento. Em vídeo publicado no Instagram, o nadador disse apoiar medidas que previnam o avanço da covid-19, mas pediu às autoridades uma flexibilização para que competidores com testes negativos tenham condições de treinar antes do evento. O depoimento foi compartilhado por outros esportistas na mesma situação, como os nadadores Ruiter Silva, Roberto Alcalde e Débora Carneiro e a mesatenista Danielle Rauen.
"Eu e outras 51 pessoas com testes negativos viemos para Hamamatsu em ônibus separados e estamos isolados desde então. A gente não pode sair do quarto. Não podemos treinar e faltam apenas 14 dias para os Jogos Paralímpicos. Os prejuízos físicos e psicológicos são enormes. Entendemos que as medidas sanitárias são necessárias, mas nós estamos negativos. Esse isolamento pode nos fazer perder medalhas e desperdiçar todo o investimento dos últimos cinco anos. O CPB está incansável na luta para nossa liberação, mas as autoridades locais seguem informando que teremos que ficar 14 dias isolados. Não faz sentido, estamos negativos! Eu e todos os atletas nesta condição pedimos compreensão e empatia das autoridades locais. Por favor, nós precisamos treinar", desabafou Daniel.
O protocolo do Comitê Organizador Local de Tóquio 2020 prevê que as pessoas que estavam em um raio de duas fileiras de assentos ao redor do indivíduo infectado devam ser isolados, devido à possibilidade de exposição ao vírus no voo. O CPB, porém, alega que a última versão do playbook (livro de regras) dos Jogos, enviada à entidade no último dia 15 de julho, diz que "é permitido aos atletas que mantiveram 'contato próximo' treinar, igualmente em isolamento, e até mesmo competir" e que "assim foi feito, por exemplo, com atletas olímpicos da África do Sul, da Rússia e da Itália durante os Jogos Olímpicos".
Ainda de acordo com o CPB, o isolamento total foi definido pela prefeitura de Hamamatsu, "que não permite qualquer alteração neste procedimento antes de 14 dias, mesmo que o atleta tenha testado negativo de forma reiterada". A entidade argumenta que o município "se comprometeu a aplicar as diretrizes do referido playbook" e que a medida tem prejudicado "toda a preparação e aclimatação dos atletas para a participação no Jogos".
A nota do CPB afirma que foram feitos contatos com Comitê Organizador, prefeitura de Hamamatsu e com a embaixada brasileira no Japão, mas que "apesar dos esforços do governo brasileiro, não encontramos respaldo por parte das autoridades locais". Por fim, a entidade diz que segue buscando autorização para os atletas conseguirem treinar.
Agência Brasil / foto: reprodução
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