Com o objetivo de valorizar os produtos agroecológicos produzidos por agricultores/as familiares que cultivam alimentos sem a utilização de veneno foi realizada na segunda-feira (09), a Feira Agroecológica da Cultura Econômica de Remanso-BA, que reuniu dezenas de produtores rurais.
O evento foi idealizado pelo Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP) e hortas comunitárias rurais e urbanas, pescadores/as artesanais e teve o apoio da Prefeitura de Remanso.
A feira em Remanso pode solucionar um problema comum na maioria dos municípios brasileiros: a dificuldade de encontrar um espaço específico onde haja exclusivamente a oferta de alimentos sem veneno. O assessor técnico do SASOP, Francisco José da Silva, destaca que, por falta de um espaço específico para venda dos produtos agroecológicos, muitos agricultores vendem seus produtos no mercado municipal, mesmo espaço onde são comercializados os alimentos com veneno. "Tem muitos produtos organicamente produzidos, mas que se misturam com produtos que vem de áreas irrigadas e isso confunde muito as pessoas. A gente tendo um espaço é um diferencial e também vai incentivar que o poder público valorize e que as políticas públicas tomem cada vez mais força no sentido de inclusão desses grupos", afirma o assessor técnico.
Nesse sentido, a agricultora Tariris Rodrigues Alves, da comunidade Veredas das Minas, e integrante da comunidade de Pedrinhas, em Remanso, assessorada pelo projeto Ater Agroecologia, executado pelo Irpaa, participou da feira comercializando seus produtos e fala sobre a importância desse espaço. "A feira é importante para as pessoas conhecerem a agroecologia e ver que a gente tem produtos suficientes para oferecer ao mercado. E também saber que tem um produto saudável na mesa, saber que se der para uma criança não vai correr o risco de adoecer, porque é um produto saudável, de qualidade".
A agricultora Poliana, da comunidade de Pimenteira, assessorada pelo Ipraa através do projeto Pró- Semiárido, também destaca a característica dos alimentos produzidos sem veneno e o benefício da comercialização para as famílias. "São produtos que podem ser ingeridos sem medo de se prejudicar lá na frente e ajuda a gente também financeiramente. Através das feiras, a gente tem também outras oportunidades", afirma Poliana.
O conhecimento acerca dos benefícios dos alimentos advindos da produção agroecológica também está entre o público da feira. A professora Doralice Pereira Ribeiro, moradora de Remanso, visitou a feira e fez algumas compras como: maracujá do mato, ovo caipira, peixe e hortaliças. "Muitas pessoas vivem doentes por causa dos agrotóxicos e, às vezes, consomem produtos com agrotóxico e nem sabem, prejudicando a sua saúde. Tudo que eu consigo comprar sem agrotóxico, eu compro sim. ... Se o povo soubesse ele deixava mais os enlatados para consumir os produtos sem agrotóxico, principalmente do pequeno agricultor", explica Doralice.
Assim como Doralice comemora a oferta de produtos saudáveis em sua cidade, a pescadora artesanal, Eliete Cunha, que também esteve presente na feira, celebra a realização do evento. "Essa feira é uma luta nossa, há algum tempo que a gente vem tentando colocar os produtos da agricultura familiar aqui, então pra nós é uma realização muito grande poder colocar nossos produtos aqui e divulgar a pesca artesanal ... que está sendo um pouco esquecida".
As feiras agroecológicas são estratégias que dinamizam a produção do campo, proporcionam a divulgação e o acesso a alimentos saudáveis, além de garantir o aumento da renda dos agricultores/as familiares. Esses espaços também fortalecem a organização comunitária, pois geralmente são pensados e realizados de forma participativa e inclusiva. Além de ofertar alimentos produzidos sem veneno e insumos químicos, as feiras agroecológicas também difundem a necessidade de preservação da natureza e construção de uma sociedade mais justa. Segundo a organização do evento, a ideia é que a feira agroecológica aconteça semanalmente, impulsionando o escoamento da produção das famílias.
Ascom Irpaa
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