Um dos maiores escritores do mundo, Jorge Amado, morreu em 6 de agosto de 2001 consternando o mundo. O autor acreditava, segundo a jornalista, escritora, pesquisadora e biógrafa dele, Josélia Aguiar, que depois de 20 anos de sua morte seria esquecido. Engano. Não só continua lembrado como sua obra permanece cada vez mais debatida, analisada e provocando novas reflexões e releituras.
Uma das ações que discute o autor maior da Bahia é o II Webinário Estudos Amadianos que prossegue até o final do mês. Reúne autores consagrados como Antônio Torres, Socorro Acioli, Itamar Vieira Júnior, Josélia Aguiar, Aleilton Fonseca, Cyro de Matos, Ordep Serra, Ruy Póvoas, Nelson Cerqueira, Sérgio Habib, Edilene Matos, entre outros grandes nomes, totalizando 60 convidados.
“Jorge Amado é um dos grandes representantes da afro-brasilidade. A partir da literatura amadiana, impossível não o perceber como régua e compasso para outras afro-brasilidades e afro-baianidades literárias, pictóricas, audiovisuais e musicais ao lado de Caymmi. O filho de Oxóssi e ministro de Xangô desafiou parâmetros estabelecidos, tornou o povo pobre e negro-mestiço da Bahia protagonista de suas obras, lidas e divulgadas em diversos idiomas”, afirma Gildeci Leite, coordenador geral do evento.
“Perceber e discutir parte da contribuição de Jorge Amado para nossa afirmação identitária plural, diversa, é também mapear o quanto de baianidade há pelo mundo, fruto da caneta deste grapiúna. Se a Bahia e algumas de suas cidades são conhecidas e prestigiadas em diversas partes do planeta, isso, sem dúvida, deve-se a nosso maior embaixador e diplomata untado de dendê”, acrescenta.
Gildeci informa que o Webinário Estudos Amadianos foi criado pelo Grupo de Pesquisa Crítica Literária e Identidade Cultural (Clic), com a finalidade de se constituir um instrumento de divulgação, difusão, apoio e incentivo a pesquisas, atividades extensionistas e de ensino, relacionadas à obra do autor brasileiro mais lido em todo mundo. Ele informa que a ideia é que seja um projeto de formação de leitores.
O público, que poderá conferir 20 mesas dos mais variados temas sobre o autor, poderá acessar o evento através do Canal Universidade da Gente no YouTube.
“Contaremos, também, com a participação da família de Jorge Amado e teremos o apoio cultural do Grupo Companhia das Letras, através da Companhia na Educação, que irá doar e-books de obras do escritor durante o evento”, informa Gildeci Leite.
O coordenador-geral destaca que também é intenção do CLIC lutar para criar uma cátedra (cadeira de quem ensina; cadeira professoral) sobre Jorge Amado nas universidades baianas, incentivando novas pesquisas e interpretações de seus livros.
O II Webinário contará com conferência magna do prof. Dr. Félix Ayoh’Omidire, intitulada A yorubaianidade de Jorge Amado e o Triunfo dos Orixás Nagô-Yorubanos na Literatura Brasileira. Félix representa Obafemi Awolowo University, Ile-Ife, da Nigéria.
Do país africano, por telefone, ele afirma que, em sua tese de doutorado, demonstra como Jorge Amado “extrapolou a imagem identitária do povo Ketu/Nagô do candomblé da Bahia para a construção da identidade do baiano comum”, acrescentando que o imaginário yourubano também está presente em municípios como Santo Amaro, Maragojipe e Nazaré das Farinhas.
Já a escritora Josélia Aguiar, que no próximo dia 11, às 19h, participa da mesa Jorge Amado e a Literatura Contemporânea, junto com os escritores Itamar Vieira (Torto Arado) e Socorro Acioli (A Cabeça do Santo), com a coordenação do Prof. Dr. Schneider Carpeggiani, afirma que a obra de Jorge Amado se renova constantemente. “Ele deu grande contribuição ao protagonismo feminino, à defesa das religiões de matriz africana, ao debate da questão racial, entre outros temas”.
A biógrafa de Jorge Amado afirma que na mesa em que participa será analisado o eco da obra de Jorge Amado na produção literária brasileira. Entre os temas que são revistados por outros escritores, Josélia cita a luta pela terra. “Ele também tinha uma escrita cativante e um olhar afetuoso sobre seus personagens”, complementa.
Na programação, as mesas Corpos alugados: uma Leitura do trabalho em Cacau e Suor, de Jorge Amado; Literatura e Saúde, Narrando Epidemias e Contaminações Sociais na obra de Jorge Amado; Mar Morto: A morte mítica entre a Terra e o Mar e Dona Flor – nas Encruzilhadas da Nova Mulher.
Redação redeGN
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