Depoente desta terça-feira (3) na CPI da Covid, o reverendo Amilton Gomes de Paula disse ter culpa nas supostas irregularidades envolvendo as negociações entre o Ministério da Saúde e a Davati Medical Supply para a polêmica aquisição de doses de vacinas contra a Covid-19.
Amilton Gomes de Paula, que fundou a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos, disse ter se arrependido de participar das tratativas.
Ele teria recebido autorização do Ministério da Saúde para atuar na negociação de compra do imunizante da AstraZeneca/Universidade de Oxford para o País.
Ao ser questionado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) sobre o envolvimento da Senah nesse trâmite, ele se emocionou bastante.
“O maior erro que eu fiz foi abrir a porta da minha casa no momento que eu fava enfrentando a perda de um ente querido. Eu queria vacina para o Brasil. Eu me sinto… Tenho culpa, sim. Hoje de madrugada, antes de vir para cá, eu dobrei os joelhos, orei. E eu peço desculpa ao Brasil, o que eu cometi não agradou aos olhos de Deus. Foi um erro que, se pudesse voltar atrás, eu voltaria”, disse, chorando, o reverendo.
Durante o depoimento, o reverendo Amilton Gomes de Paula foi questionado ainda sobre as diferenças dos valores citados para a compra dos imunizantes. Segundo ele, a primeira proposta foi de US$ 3,50, subindo, depois, para US$ 17,50 e ficando, no fim, em US$ 11.
Um documento oficial da Davati, apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, cita, no entanto, um valor de US$ 10. A diferença no valor de US$ 1 é, exatamente, a quantia da suposta propina que vem sendo investigada.
Apesar do momento de emoção do reverendo, os senadores se mostraram frustrados com as informações levadas por ele à CPI da Covid, sem apresentar elos de ligação nas intermediações para compra dos imunizantes.
Nesta quarta-feira (4), o coronel Blanco é quem depõe aos senadores na CPI da Covid a respeito da compra desses imunizantes. Ele teve o nome citado por alguns depoentes que já passaram pela bancada como um dos interlocutores na relação entre a Davati e o Ministério da Saúde para a compra de 400 milhões de doses de vacinas AstraZeneca/Ofxord.
Folha de Pernambuco / foto: Leopoldo Silva-Agência Senado
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