A natureza como farmácia: Pesquisas estudam alimentos que podem ter efeito antiviral

A frase imortalizada pelo pai da medicina, Hipócrates, ecoa em um cenário em que o tratamento precoce contra o novo coronavírus ainda não alcança resultados positivos, mesmo com mais de um da pandemia.

“Que o seu remédio seja o seu alimento, e que o seu alimento seja o seu remédio”, dito há mais de dois mil anos, empurra pesquisas que buscam antivirais capazes de evitar a multiplicação da Sars-CoV-2 no organismo. 

Estudos publicados pela revista científica Science indicam que o nariz é a principal porta de entrada para esse tipo de infecção. Por isso, tornou-se essencial entender como terapias intranasais poderiam evitar a contaminação e transmissão do vírus. Nesse contexto, entra um estudo in vitro, conduzido por Bansal et al.7, comparando a ação antiviral de iota-carragenina e xilitol contra a Sars-CoV-2.

“O excelente perfil de segurança e a atividade única para reduzir as cargas virais, torna o xilitol uma possível alternativa dentro das terapias antivirais. A prática clínica ainda precisa ser estudada, visando a eficácia e segurança dos tratamentos, mas a terapia nasal se mostra promissora”,diz a médica Denise Katz, gerente médica da Hypera Pharma.

Ainda em 2020, o site de artigos científicos Preprint Scielo publicou no mês de maio o trabalho de pesquisadores brasileiros, muitos deles de faculdades do Nordeste, repercutindo a eficácia de alimentos já bem conhecidos da população mundial. A lista é encabeçada pelo alho, com suas propriedades antivirais, antibacterianas e estimulantes do sistema imunológico. Ainda segundo o artigo, sendo utilizado como recurso terapêutico da medicina tradicional para tratamento do vírus influenza.

“Alho é um antibiótico natural, contém vitaminas A, C e E. Proporciona alívio pulmonar e é interessante porque reduz a produção do muco (secreção), auxiliando na expectoração, algo muito comum entre os pacientes com Covid-19”, defende o especialista em medicina preventiva, dr. Humberto Arruda, adiantando ainda que há vários estudos comprovando a eficiência dos alimentos na saúde de um modo geral. No entanto, para essa comprovação chegar na mão dos pacientes há um longo caminho, que inclui os interesses do mercado farmacêutico.  

Em paralelo, o fortalecimento do sistema imunológico continua sendo um discurso unânime entre os pesquisadores. “Quando você melhora a imunidade nata, a que a gente nasce com ela, ajuda no processo de combate. E, nessa lista de ingredientes, temos a cúrcuma, já utilizada na medicina  ayurvédica há mais de seis mil anos, por ser antioxidante, anti-inflamatória, anti-câncer e muito mais”, completa dr. Humberto Arruda. Mas, para potencializar o efeito da cúrcuma, é preciso colocar um toque de pimenta. Assim, a ação é potencializada em duas mil vezes. 

Se o leque for ampliado, a médica homeopata Diana Campos, especialista em medicina integrativa, aponta que as folhas verdes escuras são ricas em minerais e podem ter efeitos antioxidante e ansiolítico, capazes de diminuir o estresse nesses tempos de pandemia.

“Mas quando você fala em eficácia, estudos demandam tempo, e ainda não tivemos esse tempo em relação à pandemia. No entanto, pesquisas retroativas de países que controlaram infecções virais viram a importância de elementos como a vitamina D, que é estimula através do sol”, explica Diana Campos, que também faz questão de lembrar a impórtância da água e até mesmo do coco. “O bagaço do coco tem ação antifúngica, por ser um soro natural. Só não pode ser consumido de maneira abusiva por diabéticos”, conclui.

Folhape