Em 31 de maio de 1958, o então presidente Juscelino Kubitschek fazia o discurso de inauguração da Rádio Nacional de Brasília, a primeira de uma capital federal que nem havia sido fundada. Exatamente 63 anos depois, a emissora segue na tradicional frequência 980 AM, ensaia a expansão da programação para o FM e cresce na internet.
Além de ter parte da programação veiculada na Rádio Nacional FM (rádio fundada em 1976 e que pode ser sintonizada na frequência 96.1 FM em Brasília), a programação da Rádio Nacional de Brasília está sendo exibida na faixa 87.1 FM em São Paulo, Belo Horizonte e Recife desde o dia 7 de maio.
Essa frequência está na chamada banda estendida FM, viabilizada com o desligamento analógico de canais de televisão, que ocupavam uma parte do espectro das rádios. Os aparelhos de rádio mais modernos já pegam a faixa estendida a partir de 76.1 MHz.
"A maior vantagem da AM é a questão do alcance. O sinal da AM 'viaja' mais longe do que o da FM. Por outro lado, no FM a qualidade do áudio é melhor do que o áudio em AM. Isso por conta da diferença de modulação.", explica o gerente executivo de Engenharia da Empresa Brasil de Comunicação, Wagner Bastos.
Para Luciano Seixas, gerente executivo da Rádio Nacional, a expansão para a FM fará com que mais gente conheça a histórica rádio de Brasília. “A expansão representa a oportunidade de alcançar novos públicos, que estão em São Paulo, Belo Horizonte e Recife, locais onde não se tinha acesso direto à rádio pelo FM”, afirma.
Um dos novos ouvintes da Rádio Nacional de Brasília é o professor de história Eduardo Ferreira de Araújo. Morador de São Paulo, ele começou a ouvir a Nacional com a frequência no FM na capital paulista. “Eu vi em uma matéria que a Rádio Nacional iria estrear no dia 7 de maio e fiquei interessado. Ouvi e descobri que ela tem uma programação diferenciada em relação às rádios de São Paulo. A gente tem uma dimensão maior do próprio Brasil”, relata.
No Programa Eu de Cá, Você de Lá - um dos mais tradicionais da emissora, no ar desde o final da década de 1970 -, ouvintes das cidades com a nova faixa também já se manifestaram sobre a nova frequência. “Eu ouvia o programa por celular ou internet. Agora é pela 87,1 FM”, relatou o ouvinte Israel Queiroz, de Belo Horizonte.
Apesar da ida para a FM e da criação de novos públicos, Seixas ressalta que não existe qualquer previsão de a rádio deixar de ser transmitida em AM. “É importante destacar que a frequência 980 kHz tem uma potência única. Se tivéssemos operando em potência máxima, teríamos um alcance, inclusive, internacional”, aponta.
Não é só pelas ondas do rádio que a Nacional tem chegado à casa dos ouvintes. Por meio do site e do aplicativo Rádios EBC, a Nacional de Brasília também alcança internautas. Dados do Google Analytics, ferramenta de monitoramento de audiência na internet, apontam que a página do player da rádio é uma das mais acessadas no site.
Para Alessandra Esteves, gerente de Jornalismo Web da Empresa Brasil de Comunicação, o site ajuda a Nacional a romper o alcance do dial. “Precisamos considerar, também, que cada vez mais as pessoas estão inseridas nas plataformas digitais, então é um público que tende a crescer e não conhece fronteiras. Seja em Brasília ou até mesmo em outro país, é possível ouvir a programação da Nacional”, diz.
O motorista Cleidimar Nunes, da cidade de Taguatinga (TO), conta que a internet mudou a relação dele com a Rádio Nacional. “Escuto a Nacional desde que me entendo por gente. Ouvia na fazenda no radinho de pilha. Eu fui me adaptando e hoje escuto a rádio pela internet. Tem uma qualidade muito melhor. Não tem a questão de o som ficar fugindo, como no rádio”, conta.
Cleidimar também relata que a Nacional o inspirou a participar como ouvinte e até ter um programa de rádio em sua cidade. “Eu tinha muita vontade de participar. Até escrevi cartas e não enviei. Mas, com a internet, comecei a participar e neste ano enviei uma mensagem. Agora, participo direto. Tenho um programa de rádio na cidade e posso dizer que 100% da inspiração para criá-lo foi na Rádio Nacional”.
Entregar o conteúdo da rádio em diversas plataformas é a tendência para o futuro, aponta Luciano Seixas. “Através da instalação dos canais de faixa estendida, do site das Rádios EBC e do aplicativo, estamos expandido o nosso alcance junto ao público ouvinte, em todo o mundo”, completa.
Agencia Brasil
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