A COVID-19 por si só já é um enigma a ser decifrado pouco a pouco pela ciência. No entanto, sua relação com as crianças pequenas é uma preocupação ainda mais delicada para os especialistas.
Apesar de evidências apontarem que a morte de crianças por COVID-19 é rara, no Brasil, até o mês passado 1.300 bebês morreram em decorrência de complicações causadas pelo vírus.
Alerta que merece um profundo debate: Juazeiro registrou um óbito de um bebê do sexo feminino com um mês de vida. A morte foi em uma unidade de atendimento pediátrico. A morte de um bebê com apenas um mês de vida diagnosticado com covid-19 foi informado no boletim da Secretaria de Saúde desta segunda-feira, 17.
BRASIL: Entre fevereiro de 2020 e 15 de março de 2021, a COVID-19 foi responsável pela morte de pelo menos 852 crianças brasileiras de até nove anos, incluindo 518 bebês com menos de um ano, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. No entanto, segundo a médica Fatima Marinho, epidemiologista da Universidade de São Paulo e conselheira sênior da ONG internacional de saúde Vital Strategies, houve o dobro desse número de mortes.
Para a especialista, há um problema sério de subnotificação devido à falta de testes da COVID-19 está reduzindo esses números. Ao conduzir uma pesquisa, a doutora Fatima calculou o excesso de mortes por síndrome respiratória aguda durante a pandemia e chegou a uma assustadora conclusão: 10 vezes mais mortes por síndrome respiratória do que nos anos anteriores. O cálculo levou à estimativa de que o vírus matou, na verdade, 2.060 crianças menores de nove anos, incluindo 1.302 bebês.
O ponto de vista dos especialistas é que o grande número de casos de COVID-19 no país tenha sido diretamente responsável pelo aumento da probabilidade de crianças pequenas serem afetadas.
Em entrevista à BBC, Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, aponta que quanto mais casos tivermos, maior será o número de óbitos em todas as faixas etárias, inclusive crianças. Mas, se a pandemia fosse controlada, esse cenário seria minimizado.
O especialista alerta que a alta taxa de infecção sobrecarregou todo o sistema de saúde do país.Inclusive, no início de março, os médicos descreveram um futuro cenário dramático, submerso num colapso no sistema de saúde, ou seja, com as unidades de terapia intensivas (UTIs) com uma taxa de ocupação superior a 90%.
Outra questão apontada é a falta de testes, responsável por impulsionar as altas taxas em crianças. “Temos um problema sério na detecção de casos. Não temos exames suficientes para a população em geral, menos ainda para as crianças. Como há um atraso no diagnóstico, há um atraso no atendimento à criança”, disse Renato para a BBC.
Redação redeGN com informações Secretaria Saúde Juazeiro e BBC
0 comentários