César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) (02.abr.2021) Foto: Reprodução/CNN
O colapso na saúde com a superlotação de leitos nas redes pública e privada no Brasil por conta da pandemia de Covid-19 obrigará os profissionais de saúde a decidirem quem terá chance de continuar vivo. O alerta é do presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, em entrevista à CNN.
"Parece que vivemos o que nos leva a uma tempestade perfeita: não temos mais leitos de UTI, os números de espera tanto para UTI quanto para enfermaria são assustadores. Muitos não vão ser acolhidos, levando médicos a uma situação dramática de fazer a opção por pacientes, obedecendo a critérios pré-definidos", afirma.
Quem já garantiu um leito também corre riscos. "Para os pacientes internados na UTI faltam insumos básicos, as reservas estão escassas. Há uma coordenação do ministério da Saúde junto com a Anvisa e o parque fabril para que eles sejam distribuídos racionalmente, mas essas planilhas nem sempre representam a realidade e nossos fabricantes nacionais não têm capacidade de suprir esses insumos, tendo de buscar fornecedores internacionais. É muito preocupante mesmo", explica.
Fernandes falou também sobre a importância dos intensivistas, que trabalham no limite e ficam esgotados.
"Médico intensivista não se forma de um dia para o outro, tem um longo aprendizado. Eles nunca foram adequadamente valorizados pelos gestores públicos ou privados de saúde. É uma profissão extremamente difícil, vive em um ambiente sempre tenso, perto da morte, com pacientes agonizantes, precisa ter um preparo técnico e emocional para isso. Não dá para repor intensivista de um dia para o outro".
Fonte: CNN Brasil
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