A pandemia da Covid-19 continua provocando impactos na economia nos mais diversos setores. Para quem sobrevive da cultura não é diferente. É o caso de diversos músicos e técnicos de som, produtores de shows e eventos que tem enfrentado os mais diversos problemas por causa da interrupção das suas atividades em virtude dos decretos que estabelecem medidas preventivas ao contágio do coronavírus.
Entre as medidas adotadas pelos Governos e autoridades sanitárias, está a suspensão de música em bares, restaurantes e praias que tem sido renovada por meio de decretos. O cenário tem provocado a adoção de medidas mais drásticas por parte dos músicos, que têm encontrado a solução para se recuperar da crise financeira vendendo os instrumentos, que são a principal fonte de trabalho.
A reportagem da REDEGN tem recebido diversas mensagens de músicos que estão "precisando vender os instrumentos para levar o pão de cada dia para casa". Outros solidários contribuem com ações para ajudar os amigos.
Em Juazeiro e Petrolina, o Grupo Trio Granah, distribuiu várias cestas básicas para os músicos que estão sem condições de comprar alimentação.
O sanfoneiro e empresário Luiz Rosa, em Petrolina, disse que os "pequenos músicos estão passando fome. Os médios e até grandes vendendo bens. Sem show como vai ganhar dinheiro?", questiona Luiz Rosa. "A situação é desesperadora. Tenho visto sanfoneiros vendendo sanfona. E eu digo não venda. Isto vai passar. Mas eles argumentam que tem que alimentar os filhos. É dolorosa demais a situação".
Luiz Rosa disse que através do Programa de Rádio, na Grande Rio Am, vem arrecando dinheiro, cestas básicas e faz doação para os músicos mais necessitados. "Temos contribuído como podemos. Ajudando, sanfoneiros e músicos que precisam alimentar os filhos", declarou Luiz Rosa.
Um dos representantes da categoria no Agreste de Pernambuco, o músico Sérgio Brayner, disse em entrevista à REDEGN que a situação vem piorando a cada dia e a classe artística "grita e clama por socorro" e que o momento é muito difícil para quem trabalha com arte e cultura de modo geral. "São bateristas vendendo suas baterias, cantores vendendo violão e microfones, e a gente fica se perguntando 'até quando vai essa situação?'. A gente espera medidas dos órgãos governamentais, espera medidas que salvem a categoria porque depois que passar a pandemia nem o próprio instrumento o artista vai ter para garantir seu pão de cada dia", disse Brayner.
A crise não atinge só os pequenos e médios cantores e músicos. No início deste mês a cantora Kátia Cilene decidiu vender os ônibus que usava para viajar pelo Brasil. O motivo, segundo a artista, é que precisa pagar as dívidas adquiridas pela pandemia de Covid-19. Com a pausa nos shows presenciais, as dívidas estavam crescendo.
O que foi conquistado por meio de muitos shows, agora vai ser transformado em capital para da continuidade à vida, como disse o empresário da cantora: “os ônibus vão embora para pagar contas, e dar continuidade a vida”, divulgou em nota.
“São dois carros revisados e prontos para rodar o Brasil. Segurança e conforto. O Busscar ano 2000, motor Mercedes o400 com 28 poltronas leitão. Outro Marcopolo Mercedes motor o500, ano 2008”, diz um comunicado publicado na rede social da produtora, que é quem gerencia a carreira da cantora.
Kátia Cilene já tem uma longa carreira no ramo musical. O sucesso veio com a banda Mastruz com Leite, o que influenciou a entrada de outras mulheres no mercado nordestino do forró. No momento, a cantora está em carreira solo e normalmente é muito requisitada em shows no período junino.
A situação da empresa de Kátia Cilene, assim como de outros artistas, reflete o forte impacto causado pela ausência de shows durante a pandemia — desde março de 2020.
Redação redeGN Foto Ilustrativa
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