A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou seus direitos políticos após decisão do STF de anular os processos e declarar Sérgio Moro suspeito, foi criticada pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista concedida à Rádio Folha 96,7 FM, nesta quinta-feira (25). Com nome colocado como um dos possíveis pré-candidatos em 2022, ele sugeriu a criação de um "polo democrático como alternativa ao Brasil".
Em relação à confirmação do seu nome como pré-candidato, ele procurou ser cauteloso. "O que a gente tem hoje é um chamado", dizendo que existem alternativas para o que chamou de "polos populistas", se referindo ao atual presidente e a Lula. "Esses dois polos já estão colocados. O que a gente está querendo não é um polo de Lula contra o polo Bolsonaro. É um polo democrático para o Brasil, composto por todas as pessoas que entendem que a gente vai ter que reunificar o País. Num polo desses dois, o Brasil perde", avaliou
Contudo, Mandetta preferiu não antecipar seu nome como sendo o representante dessa terceira via, "no momento certo, quem for o melhor nome" terá o seu apoio, caso não seja ele próprio, garantiu.
"Eu não gosto muito dessa história de centro, isso me lembra centrão. É um polo democrático. Existem dois polos: o polo Bolsonaro e o polo Lula. A eleição de 2018 foi criada no maior escândalo de corrupção da história desse país", afirmou.
Mandetta sugeriu que a narrativa de golpe à presidente Dilma Rousseff é usada pelo PT para "se vitimizar" e que a deposição da mandatária foi "algo pensado pelo próprio partido", que supostamente não teria corrido atrás dos votos para impedir o impeachment no Congresso. "Elegeram um poste para a presidência e deixaram a presidente à deriva", avaliou.
"Não vai ser um eleição fragmentada como foi a de 2018, quando os polos estavam à flor da pele dizendo que o mundo ia acabar se um votasse no outro. Falta essa maturidade agora para esse polo democrático se organizar", frisou.
Apesar das duras críticas à gestão de Bolsonaro, sobretudo no enfrentamento à crise sanitária, Mandetta disse que este não é o momento para se provocar um processo de impeachment. "Estamos no meio de uma panemia, gente. Estão morrendo mais de 3 mil pessoas por dia se a gente agora não pode perder o foco de quem é o inimigo primeiro. Se você colocar um impeachment no meio disso, vamos explodir isso aqui", alertou.
Ele sugeriu que o sistema político brasileiro adote ferramentas do parlamentarismo para gerenciar impasses como esse. "O Brasil tem que fazer um mecanismo político para que possa sair dessas crises sem ser po impeachment. Talvez com algumas válvulas como tem no parlamentarismo, colocando a capacidade do presidente sob desconfiança", sugeriu. "A classe política tem que ter juízo para fazer o que tem que fazer, mas com o menor transtorno político", reiterou.
Em relação ao papel do presidente Jair Bolsonaro na pandemia, Mandetta foi direto. "Ele vai ter que assumir que estava equivocado e de coração pedir para que esses seguidores radicais deles ajudarem", concluiu.
Rádio Folha Pe Foto Agencia Brasil
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