Ano passado uma expedição começou a percorrer o Rio São Francisco para avaliar a situação das águas e procurar sinais de poluição. O grupo de 60 pessoas, entre pesquisadores e equipes de apoio, percorreu cerca de 180 quilômetros na região conhecida como Baixo São Francisco, saindo da cidade de Penedo e chegando a Peneiras, ambas no estado de Alagoas.
Durante 11 dias, entre novembro e dezembro, pesquisadores navegaram pelo Rio São Francisco para avaliar a saúde de um dos rios mais importantes do país. Do alto, na água, por terra: é a bacia do baixo São Francisco, da represa de Xingó à foz, sendo examinada por 47 pesquisadores de universidades federais do Norte e do Nordeste. Eles coletam amostras de água, de plantas, do fundo e nas margens do rio.
O rio está bem mais cheio do que nas primeiras expedições, em 2018 e 2019. Os cientistas querem saber se as águas estão menos poluídas. Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, quase todas as cidades estão despejando esgoto sem tratamento no rio.
"Apenas uma cidade da bacia trata 100% do esgoto, uma cidade da calha do Rio São Francisco. Mais de 150 cidades da beira do São Francisco jogam esgoto diretamente in natura no rio. E isso causa uma enorme carga de poluição, que afeta os peixes, afeta inclusive a qualidade do abastecimento da água”, conta Maciel Oliveira, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Por lei (6.938/81), no Brasil o despejo de esgoto sem tratamento nos rios é crime, sujeito às sanções previstas em âmbito administrativo, cível e criminal. No entanto, essa é uma realidade constante em praticamente todas as cidades ribeirinhas. As maiores cidades na região do Vale do São Francisco, Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), ainda travam sérias batalhas para impedir esse cenário. No lado pernambucano, a situação é ainda mais crítica.
“A maior quantidade de dados já levantados no baixo São Francisco, desde a primeira expedição, a segunda. Nós temos três cenários agora, o cenário em 2018 com 550 metros cúbicos, o cenário em 2019 com 1.300 metros cúbicos por segundo e o cenário 2020 com 2.700 metros cúbicos por segundo. Vamos ter três variáveis aí diferentes, para nós avaliarmos e compararmos um com o outro”, explica Emerson Soares, coordenador da expedição.
A expedição foi coordenada por professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O grupo também foi integrado por pesquisadores de mais 10 instituições, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Emprapa) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Redação redeGN Fotos Ney Vital
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