O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) comentou a grave crise sanitária que se instalou no Brasil devido à pandemia. Em entrevista ao âncora Magno Martins, no programa Frente a Frente, realizada dia 11, Mandetta falou sobre o comportamento do presidente Jair Bolsonaro na condução do enfrentamento à Covid-19 e disse que “a Justiça histórica alcançará” o chefe do Executivo.
“(Bolsonaro) tem o seu drama de consciência por ter tomado tantas decisões erradas, mas ele as justifica ao achar que estava no caminho certo. O resultado é muito ruim e eu acho que a História, com certeza, vai pegar tudo isso que ele falou e vai estar muito bem registrado porque esse vai ser um assunto que daqui a cem anos as crianças vão estar na escola e vão estar perguntando”, avaliou.
Em abril de 2020, após vários atritos com Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta deixou o Ministério da Saúde. De lá para cá, mais de 270 mil pessoas morreram de Covid-19. Na entrevista, ele falou que jamais pediu para sair e que coube somente ao presidente seu desligamento. “Nunca peço para sair. Médico não abandona paciente. A gente trabalha até o limite da nossa possibilidade”, afirmou.
Ele também disse que alertou diversas vezes o presidente sobre a gravidade da situação enquanto esteve como ministro. “Ele escutava outras pessoas falando ‘olha, isso aí não vai ser nada, só vão morrer 2 mil pessoas, vai durar um mês e meio só, vai passar rapidinho’. Foram colocando isso para ele e a pior pessoa que tem é aquela que fala o que o cara quer escutar. Ele só acreditava em quem levava notícias desse naipe”, assegurou. “Eu levei a realidade”, completou Mandetta.
O ex-ministro declarou que “a voz” do presidente “fez muita falta” no enfrentamento à crise e que Bolsonaro “boicotou a prevenção”: “A voz dele fez muita falta para que as pessoas não confundissem militância política com suicídio sanitário.”
Luiz Henrique Mandetta falou, ainda, sobre o ritmo de vacinação e que, se seguisse à frente do Ministério da Saúde, “teria avançado” para comprar as 70 milhões de vacinas que a Pfizer ofertou ao Brasil em agosto do ano passado. “Eu teria comprado todas que eu pudesse. O Brasil poderia ter começado a vacinar em novembro. Teria sido o primeiro país do mundo”, declarou.
Ele também fez críticas à atuação do general Eduardo Pazuello na pasta. “O Governo erra primeiro quando coloca para conduzir a Saúde uma pessoa que não é da área”, ressaltou. “A equipe que eu deixei lá, a maioria era de concursados. Tirou tudo aquilo dali e substituiu também por pessoas que têm como única afinidade a questão militar. Ele ficou sem condição de liderar e sem equipe, e aí começaram os erros. Infelizmente, não teve respeito à vida, desmanchou o SUS e não tomou decisões baseadas na ciência", prosseguiu.
Em meio à análise, Mandetta disse que "é preciso um pacto para salvar vidas no Brasil" e pediu para que a população tivesse paciência, evitando aglomerações e utilizando as proteções básicas, como máscara e álcool em gel.
O texto é de Houldine Nascimento, da equipe do Blog Magno Martins, Recife Pernambuco.
Blog Magno Martins
0 comentários