O setor de bares e restaurantes foi duramente penalizado durante a pandemia, e desde então vem travando uma grande luta para a sobrevivência de seus negócios.
No artigo abaixo, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de São Paulo e região, Rubens Fernandes da Silva, comenta sobre as estratégias adotadas pelo setor e suas reivindicações.
Confira:
Queremos trabalhar! Setor de bares e restaurantes luta pela retomada de empregos com segurança
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, os trabalhadores do setor de bares e restaurantes vem sendo duramente penalizados. Os estabelecimentos tiveram de ser fechados às pressas, sem nenhum tipo de aviso prévio que permitisse um mínimo de planejamento e sem nenhum incentivo à manutenção dos negócios e dos empregos. Com alimentos perecíveis em estoque, muitos amargaram altos prejuízos e lidaram com a incerteza da reabertura. Como consequência, tivemos um grande volume de fechamentos e demissões no segmento.
Desde então, entidades do setor tem travado uma verdadeira luta pela preservação dos empregos em sintonia com os cuidados necessários para evitar a disseminação da doença. Neste sentido, as negociações coletivas foram fundamentais. Elas permitiram, de maneira emergencial, a suspensão dos contratos de trabalho, mediante pagamento de auxílio, e a redução de jornada e de salário. Não fosse isso, os impactos no setor seriam ainda mais devastadores.
O investimento na retomada segura também foi destaque. O setor se dedicou na elaboração de protocolos de segurança e treinamentos para proteger trabalhadores e clientes, reduzindo a capacidade de atendimento, o distanciamento entre as mesas, o uso de álcool em gel, máscaras e protetores faciais como itens obrigatórios.
Ainda assim, novas ordens de fechamento dos estabelecimentos à noite e aos finais de semana, justamente nos períodos de maior movimento, foram estabelecidas pelo Plano São Paulo. Mas, o mesmo critério não foi considerado para o transporte público, acesso às praias nas festas de Natal e Reveillon. Trata-se de uma grande contradição colocar bares e restaurantes como vilões da pandemia enquanto nada vem sendo feito para reduzir esse tipo de aglomeração. Com o desemprego batendo novamente à porta, os trabalhadores mais uma vez são surpreendidos por mais um decreto que limita o funcionamento dos estabelecimentos e não recebem aparato algum dos governantes.
O setor de bares e restaurantes congrega um milhão de negócios e gera seis milhões de empregos diretos em todo o Brasil, representando atualmente 2,7% do PIB nacional. Ou seja, prejudicá-lo, ainda mais diante de uma situação que já é crítica, significa prejudicar ainda mais o trabalhador com o consequente aumento do desemprego e aniquilação de qualquer possibilidade de recuperação econômica nos próximos meses.
É importante ressaltar aqui que a preocupação não é simplesmente econômica, é, acima de tudo, uma preocupação de cunho social. Estamos falando de pessoas desempregadas, passando fome, sem condições de manter suas famílias e cruzando a linha da miséria. Pessoas que precisam trabalhar, sobreviver e que estão longe de ser as vilãs dessa história.
Outro ponto importante é que manter bares e restaurantes fechados abre espaço para a proliferação de festas clandestinas, onde acontecem aglomerações em massa, sem nenhuma medida de proteção e longe dos olhos da fiscalização. Além do que, eventos como esses não contribuem para a geração de empregos formais.
Com a chegada da vacina, a situação tende a melhorar e precisamos de fôlego para resistir por mais algum tempo. Enquanto isso, o trabalhador do setor de bares e restaurantes não pode ser punido pelo aumento nos casos da doença.
O Sinthoresp e outras entidades do setor defendem o direito de trabalhar com segurança, e se comprometem, com responsabilidade, na preservação da vida e dos empregos.
Precisamos que o Estado garanta condições para as pessoas exercerem suas atividades e estamos a postos para dialogar em prol de soluções, seguindo todos os protocolos necessários, pois assim o benefício será enorme tanto para o sustento de milhares de famílias quanto para a economia e para a saúde da população. Poder trabalhar com segurança: essa é a nossa luta.
Rubens Fernandes da Silva é secretário-geral do Sinthoresp - Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de São Paulo e região.
1 comentário
02 de Mar / 2021 às 07h58
ou são cegos ou só enxergam cifrões... NÃO TAO VENDO QUE EXISTEM VARIANTES DO VIRUS ROLANDO POR AI? QUE MAIS DE MIL PESSOAS ESTÃO MORRENDO POR DIA? QUE UM RESTAURANTE PODE SEGUIR AS NORMAS, MAS OUTROS QUATRO DEIXARÃO A DESEJAR E VÃO LIBERAR GERAL DE QUALQUER JEITO SEM "SEGURANÇA"???? PORQUE NÃO COBRAM AJUDA DO BOZONARO QUE TANTO ADMIRAM??!?!?!?