Após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, viajou no sábado, 23, a Manaus (AM) sem data para voltar.
O Estado do Amazonas sofre com o aumento de casos da covid-19 e sobrecarga no sistema de saúde público, que apresentou falta de oxigênio em hospitais. O inquérito deve apurar se houve omissão do governo federal no combate à crise provocada pela falta de oxigênio, que resultou na morte e necessidade de transferência de pacientes.
Sob pressão no cargo, Pazuello deve ficar em Manaus “o tempo que for necessário”, segundo informou o ministério. Os adiamentos envolvendo a campanha de imunização e a negociação de insumos para a vacina também pesam para o desgaste da imagem do ministro, nomeado para o cargo por sua experiência em logística.
Pazuello viajou no sábado à noite para Manaus acompanhando a entrega do primeiro lote de 132,5 mil doses da vacina Oxford/AstraZeneca. Ele foi recepcionado pelo o governador Wilson Lima (PSC), que também é alvo de pedido de inquérito da PGR no Supremo para apurar sua conduta. Conforme o Estadão mostrou, o ministro da Saúde cogitou ir a Manaus na quinta-feira, 21, mas mudou os planos para acompanhar a chegada dos imunizantes vindos da Índia, na sexta-feira, 22.
“Pazuello não tem voo de volta a Brasília. Ficará no Amazonas o tempo que for necessário. Vai comandar de perto as ações emergenciais de combate à Covid-19, ao lado da equipe do Ministério da Saúde que já trabalha para apoiar a população do amazonense”, informou a Saúde ontem. Não constam compromissos na agenda oficial do ministro para este domingo. A assessoria da pasta informou que até o momento não há previsão de compromissos, mas aguarda novas atualizações.
Neste sábado, o procurador-geral da República, Augusto Aras, atendeu a uma representação feita por partidos políticos, que acionaram a PGR sob a alegação de que Pazuello e seus auxiliares têm adotado uma “conduta omissiva”. Aras tem sido pressionado nos últimos dias a cobrar medidas de investigação contra o governo federal.
Aras considerou que houve “possível intempestividade” nas ações do ministro e que pode ter ocorrido demora para agir em relação à crise em Manaus. O próprio governo já admitiu ao STF e em entrevista coletiva de Pazuello que a pasta sabia desde 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso. O Ministério da Saúde só iniciou a entrega de oxigênio em 12 de janeiro, segundo as informações prestadas.
Em nota divulgada neste domingo, o ministério afirmou que “está cumprindo sua determinação de dar prioridade ao Amazonas na imunização, como uma das estratégias para conter o avanço da covid”. De acordo com a pasta, o Estado recebeu ontem 132,5 mil doses da vacina Oxford/AstraZeneca e receberá outras 44 mil que chegam neste domingo. O número se soma às 282 mil doses de Coronavac que já foram destinadas ao Amazonas e distribuídas aos municípios e, assim, “atingindo o total de 458,5 mil doses enviadas ao Estado”.
O ministério reiterou que Pazuello “ficará em Manaus para acompanhar as ações executadas pela equipe do Ministério da Saúde na capital”, como a ampliação na oferta de leitos e contratação de mais profissionais de saúde. “A pasta também está atuando no monitoramento e suporte para suprimento das demandas hospitalares por oxigênio e identificação de leitos disponíveis, regulação e transferência de pacientes para outros estados.”
Estadão Conteúdo
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