O Conselho de Secretários de Saúde alertou para o risco do Brasil não ter agulhas e seringas suficientes para vacinar a população. O plano do Ministério da Saúde era comprar 331 milhões de unidades de seringas e agulhas para vacinação. Mas o preço que o governo estava disposto a pagar estava abaixo do que pediam os fornecedores que participaram do leilão.
No fim do dia, as negociações de três dos quatro itens do leilão não deram certo e foram canceladas. O governo só conseguiu comprar 7,9 milhões unidades, menos de 3% do previsto. Agora o governo terá de fazer um novo pregão.
As empresas alegaram que apresentaram preços praticados no mercado e que o Ministério da Saúde está trabalhando com valores defasados.
Diante do resultado, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde alertou para um risco real: quando o Brasil conseguir as vacinas, pode não ter seringas e agulhas suficientes para aplicá-las.
"Veio com muito atraso e, em razão disso, a gente teve fracasso dessa licitação. É chegada a hora do Ministério da Saúde sentar com a indústria nacional - se for o caso, impedir a exportação desses insumos - e, se for o caso, até fazer a requisição administrativa dos mesmos. Assim como aconteceu com os aspiradores. Mas é fundamental a gente garanta a imunização de toda a sociedade brasileira. E isso tem que ser coordenado pelo Ministério da Saúde", afirma Carlos Lula, presidente do CONASS.
Por conta da lentidão do governo federal, alguns estados começaram a garantir, por conta própria, esses itens. Sete estados informaram à TV Globo que já têm parte do estoque necessário. Somadas, são cerca de 22 milhões de unidades. E 11 estados disseram que abriram processos de compra de agulhas e seringas, quase 90 milhões de unidades.
Adriano Massuda, médico sanitarista da FGV, diz que o governo deveria ter se preparado antes, até porque se trata de um insumo básico: “É algo bastante perigoso, que pode estar revelando a ponta de um iceberg, de problemas que vão aparecer a partir do ano que vem em relação ao abastecimento de insumos estratégicos para a Saúde”.
O JN questionou o Ministério da Saúde sobre o alerta dos secretários de Saúde e a data do próximo leilão, mas não teve resposta.
JN
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