Dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) junto à suas associadas apontam aumento de 30% no número de exames para detecção da COVID-19 nos últimos 15 dias. Também há aumento de 25% na quantidade de resultados positivos. Somente entre março e outubro de 2020, associadas à Abramed – que representam cerca de 60% de todos os exames realizados na saúde suplementar do Brasil – fizeram mais de 6 milhões de testes para COVID-19.
Possibilidade de um novo afastamento dos pacientes das unidades de saúde, prejudicando ainda mais a prevenção, o diagnóstico precoce de outras doenças alheias ao novo coronavírus e o tratamento de condições crônicas, preocupa a entidade, que já projeta drástica queda no número de exames gerais em 2020 no país.
“Com o aumento no número de casos de COVID-19, tememos que a população – principalmente doentes crônicos e idosos – deixe de realizar suas consultas e seus exames. Temos hoje, no Brasil, pouco mais de 30 milhões de pessoas com 65 anos ou mais. Dessa população, 79% têm ao menos uma doença crônica e 52% têm mais de uma. É indispensável que todos entendam que é preciso manter os cuidados com a saúde e que as instituições estão preparadas para recebê-los com segurança”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.
O receio das pessoas em buscar assistência à saúde durante a pandemia está explícito na projeção da Associação, que estima redução de 165 milhões de exames em 2020. “Nossa estimativa para esse ano, antes de sermos atingidos pelo novo coronavírus, era de 960 milhões de exames realizados no país. Mas possivelmente encerraremos 2020 com apenas 740 milhões de procedimentos diagnósticos concretizados”, diz.
Exames extremamente importantes para manutenção da saúde da população sofreram quedas drásticas em decorrência do afastamento dos pacientes dos laboratórios e clínicas de imagem. Entre março e agosto deste ano, por exemplo, a entidade assinalou redução de 33% no exame de hemoglobina glicada, teste utilizado para diagnóstico da diabetes, uma das doenças que mais matam no mundo. Além disso, ao observar a área de oncologia, é possível afirmar redução de 48% na pesquisa de sangue oculto, exame de fezes que detecta o câncer colorretal; 49% de redução nos exames de Papanicolau, para diagnóstico do câncer do colo do útero; e 47% de diminuição no número de mamografias, principal exame pra identificação do câncer de mama.
“Metade das mulheres deixaram de realizar alguns de seus exames de rotina durante a fase mais crítica da pandemia. Qual será o resultado disso no longo prazo? Quantas dessas mulheres terão seus prognósticos impactados negativamente por conta do atraso na detecção de doenças?”, relata a executiva.
Nesse momento, a indicação é de que as pessoas mantenham suas consultas, exames e tratamentos em dia pois as unidades de saúde, que já seguiam rígido controle sanitário, ampliaram ainda mais seus protocolos de segurança. “Nosso setor sempre foi muito regulado e com a pandemia de COVID-19 reforçamos ainda mais nossos processos visando a segurança dos pacientes. Hoje, laboratórios e clínicas de imagem têm fluxos de atendimento separados, fazem agendamentos com intervalos maiores entre cada atendimento, respeitam as recomendações de distanciamento nas unidades, seguem com um ritmo de higienização frequente e contínuo, fazem coletas em domicílio”, esclarece Priscilla. “Pedimos à população que mantenha todos os cuidados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, mas que não descuide da saúde como um todo. As outras doenças não esperam a COVID-19 passar para se manifestarem e temos total condição de cuidar de todos com segurança e responsabilidade”, finaliza.
Ascom
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