Agricultor especializado no sistema agroflorestal, Jurandi Anunciação tem um sonho: quebrar paradigmas quanto à ocupação do solo, transformando espaços subaproveitados em áreas produtivas e acessível às famílias rurais.
Para isso, ele não mede esforços ao ensinar a técnica de cultivo agroflorestal, que visa a melhorar a eficiência e uso de recursos naturais, aos alunos das escolas Família Agrícola (Efar) de Alagoinhas e Região e de Rio Real (Efaln).
A técnica consorcia a cultura de dezenas tipos de plantas em uma mesma área, combinando flores, legumes, frutas, verduras, tubérculos e espécies madeireiras, como o eucalipto. Desta maneira, o sistema agroflorestal permite o maior aproveitamento do solo, enriquecendo-o com as diversas espécies vegetais, promovendo a sustentabilidade da atividade e assegurando fontes de renda mais perenes ao homem do campo.
Na unidade que fica na região do Riacho da Guia, zona rural de Alagoinhas, esse método é desenvolvido em uma área de 625 m². "Dá para se produzir muito em uma pequena área, se trabalharmos da forma correta. Quando trabalhamos com a perspectiva de criar vida, trazer mais elementos, micro-organismos e animais, como pássaros e roedores, tudo melhora", afirma. No experimento na área da escola, foram inseridos 47 diferentes tipos de plantas, entre nativas e exóticas, como aipim, pinha, jaca, manga, banana, feijão de porco, moringa, umburuna, flores e eucalipto.
"Elas vão produzir em diferentes momentos, de modo que uma ajuda a outra. A gente trabalha com plantas criadoras, protetoras e nitrogenadas. A natureza trabalha desta forma, não tem competição. Todas as plantas têm seu valor por igual. E tem ainda a questão do manejo, que é um trabalho bem delicado e complexo, mas sustentável", explica o agricultor.
A proposta é a de que os alunos se tornem multiplicadores dos conhecimentos em suas comunidades. "A gente está tentando equilibrar o espaço para que ele se torne um livro para as pessoas tirarem dúvidas sobre o que fazer em suas propriedades. O meu sonho é ver muita gente fazendo isto, cuidando do solo, tendo uma alimentação melhor e deixando o espaço com outro olhar, outra vida para filhos e netos. Não adianta ter muita terra e não ter alimento", diz Jurandi.
Na opinião dele, o sistema agroflorestal pode ajudar a promover transformações sociais que vão melhorar a qualidade de vida de quem trabalha com a agricultura de subsistência. "Para ter produção ali, não precisa esperar só os produtos de longos ciclos, tem de ter plantas de ciclos mais curtos que geram renda para custear a área", conclui.
Fonte: Atcom Foto: Acervo Bracell
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