“O esporte é um transformador social”. Longe de parecer um clichê, a frase se consolidou como um lema de vida para Carla Priscilla Luz de Amorim Silva, ao longo do exercício do magistério. No Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, localizado no município baiano de Juazeiro, sua cidade natal, a professora Carla valoriza o esporte como um equipamento educacional imprescindível no processo de ensino e aprendizagem.
“Através da prática esportiva é possível desenvolver diversos valores, como disciplina, respeito, solidariedade, cooperação e fair play (filosofia adotada em desporto que prima pela conduta ética nos esportes), entre outros. Além disso é uma ferramenta que realiza sonhos, que oportuniza ao estudante o despertar pela busca por dias melhores”, reflete.
Aos 36 anos e dez de magistério, a professora Carla Priscilla observa com alegria o crescimento do esporte escolar na Bahia. “Tive a oportunidade de, nos últimos seis anos, ser técnica da delegação que representa a Bahia no Jogos Escolares da Juventude, na modalidade Atletismo. Durante esse período, vi alunos se tornarem atletas profissionais, presenciei sonhos sendo realizados, vi a maioria deles viajando de avião pela primeira vez, conhecendo o mar, vendo novas culturas, novas realidades e estruturas e tudo isso desperta nos alunos uma vontade de fazer um mundo melhor, de ter mais opções de escolhas e carreiras. Eu busco trabalhar o senso crítico, desenvolver um olhar diferenciado voltado ao corpo e à mente”, relata.
Carla Priscilla foi estudante da rede privada de ensino e, com notas excelentes, naturalmente passou pelo processo de indução e orientação da escola, dos professores, da família e dos colegas para que buscasse um curso que a proporcionasse um retorno financeiro maior. “Mas eu também era uma aluna muito apaixonada pelo esporte e, por isso, criei muitos conflitos com a minha escolha de cursar Licenciatura Plena em Educação Física. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tive o privilégio de conhecer e vivenciar muitas vertentes da Educação Física e o magistério me ganhou, se apropriou de mim. Novamente, escutei que outras possibilidades poderiam me dar um retorno financeiro maior, mas como costumo seguir meu coração, aqui estou: no magistério”.
O seu entusiasmo pela carreira e, em especial, pelo esporte escolar como fonte de mudanças pessoais é testemunhado por seus alunos e fãs. Anna Luísa Ferreira, 3º ano, não poupa reconhecimento: “Pró Carla é um dos grandes exemplos de como ser uma pessoa melhor a cada dia. Ela não é só uma excelente professora, ela é treinadora, atleta e amiga, é uma grande incentivadora dos sonhos dos seus alunos, ela não trata apenas como um estudante ou como um atleta; ela abraça e reclama como uma mãe de cada um. E é isso que a torna uma professora, uma treinadora diferenciada. É isso que a faz ser maravilhosa e excelente no que faz”, revela a aluna, que pratica, pela escola, futsal, luta olímpica e judô.
Rafael Matos, 18, que concluiu o Ensino Médio no Modelo e hoje é estudante de Engenharia Civil, também é só elogios: “Carla é uma luz na vida das pessoas, fazendo jus ao seu sobrenome. Ela põe a base teórica em prática, educando e transformando a vida de vários jovens. Eu sou um exemplo disso. Todos os melhores momentos da minha vida tiveram ligação direta com essa mulher maravilhosa e eu não tenho palavras para agradecer tudo que ela fez por mim e pelo esporte, em especial o atletismo, que ela me fez amar”, comenta.
VITÓRIAS: A dedicação ao Jogos Estudantis da Rede Pública (JERP), projeto da Secretaria da Educação do Estado, permitiu à professora Carla Priscilla e aos seus alunos provarem do gosto bom da vitória. Em 2019, a equipe de Futsal Feminino venceu a Etapa Estadual do JERP, garantindo vaga para a Etapa Nordeste dos Jogos Escolares da Juventude, que foi realizada em Natal/RN.
“Terminamos a competição em 5º lugar, mas muito gratas pelo apoio que tivemos do Governo da Bahia e pela oportunidade de vivenciar uma competição de alto nível e, com toda certeza, com o gosto de quero mais, de buscar voos maiores”, recorda. Em fevereiro deste ano, a equipe venceu o Campeonato Baiano Escolar de Futsal Feminino e garantiu a vaga para representar a Bahia no Campeonato Brasileiro Escolar de Futsal, que é realizado pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE).
“Mas faltando três dias para a competição, a pandemia se alastrou e sonhos foram desfeitos, frustações diversas vieram. Mas erguemos a cabeça novamente e, mesmo no isolamento social, buscamos manter o foco no cuidado com o corpo. Óbvio que os treinamentos em grupo foram suspensos e nos restaram os treinos físicos em casa. Recebia os vídeos e realizava as possíveis correções, de forma individualizada”, conta. “Esperamos que, em breve, possamos estar de volta às quadras, desenvolvendo nossos treinamentos de forma intensa, para representar a Bahia da melhor forma possível no Campeonato Brasileiro Escolar de Futsal, que já tem uma nova data: março de 2021”.
E quais as lições que a pandemia vai deixar: “São muitas, mas as principais têm a ver com o olhar pelo outro, o cuidar do outro e a falta que o outro faz. Vivemos olhando para si próprio na maioria das vezes. E a pandemia gritou que, sozinho, ninguém é nada e que as diversidades existem e que devem ser respeitadas”.
Ascom Sec Bahia/ Claudia Lessa (Texto)
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