Nenhum texto que se proponha a homenagear o Nordestino, no dia que lhe foi reservado no calendário oficial, 08/outubro, pode prescindir de iniciá-lo reafirmando a histórica frase do escritor Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” (Os Sertões, 1ª Edição, 1902). Essa afirmativa, tão singela quanto verdadeira, ultrapassa o tempo e se eterniza na memória de quantos conhecem a força e a coragem da gente do sertão: O trovador usa a frase como mote dos seus versos, quando nas feiras livres exalta o inconfundível perfil do nordestino. Os políticos dela se aproveitam quando na empolgação dos seus discursos, nem sempre transmitindo a verdade desejada.
Não basta fazer poesia ou tecer altos elogios em oratórias cheias de empolgação, mas é preciso ter a sensibilidade para sentir e interpretar o verdadeiro significado do adjetivo “forte” de Euclides. Também não tenho a pretensão de fazê-lo. A capacidade de resistência da gente sertaneja vai além dos limites de meras definições literárias ou científicas. O suor com sabor de sangue que lhe corre nas faces parece emergir das suas entranhas como um bálsamo para a pele, que queima sob a intensidade do sol. Não se quebranta com pouco sofrimento, nem se arrefece ante os grilhões da dor, da sede e da fome, como se lhe fossem alimentos de vida. É um forte que está mais para o verdadeiro sentido de fortaleza, muralha, que resiste bravamente às adversidades.
A enxada do sertanejo parece ser a caneta que escreve no solo do semiárido, ressequido e tórrido, os seus sonhos e esperanças. Imagine, o homem do sertão sonha! Sonha que come e nesse momento se alimenta. Sonha que chove e nesse instante tem a sensação de que gotas de água lhe banham o corpo marcado pelo sol. Planta a semente e sonha que ela vai nascer. Os sonhos e fantasias têm o poder de tornar a sua vida menos sofrida.
No rosto do catingueiro as rugas do sofrimento e do cansaço parecem desenhar pequenos córregos pelos quais rolam gotas de suor que se precipitam ao solo, como se desejassem irrigar a terra de novas esperanças. A lição de resistência, de pertinácia, de fé, de humildade, de esperança, e até de saber sonhar, tem de servir de exemplo aos mortais urbanos. Não é um aprendizado fácil, sobretudo quando as autoridades constituídas ao invés de darem as condições básicas que permitam a convivência do trabalhador com as dificuldades climáticas e naturais destroem a essência principal da sua índole que é a coragem pelo trabalho. Impõem-lhe a cultura da doação e da malemolência. É o estímulo ao nefasto princípio de dar o peixe ao invés de ensinar o homem a pescar.
Será que vamos assistir impassíveis ao desenvolvimento do conceito de que melhor que trabalhar e dar exemplo às novas gerações de filhos e netos é viver sustentado pelas benesses oficiais? Até quando este povo deixará de usar das suas reservas morais históricas para resistir e enfrentar os apelos a uma vida de inércia e indolência que lhe está sendo oferecida, ou quase imposta pelos interesses eleitoreiros?
Mesmo sabendo que esse sertanejo obstinado “é, antes de tudo, um forte”, incorremos no risco de desconhecer os seus limites e, assim, um futuro incerto pode nos reservar um povo decadente e destruído no cerne da sua estrutura: a luta pela vida através do trabalho. Expresso, aqui, as minhas homenagens a esse povo guerreiro, de forte índole e honestidade, e que, unido, jamais será vencido!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA
5 comentários
08 de Oct / 2020 às 16h19
Faço das palavras do cronista a minha sincera homenagem com aprofunda admiração por estes brasileiros nordestinos que nos orgulham e nos inspiram. Tive a honra de ter morado por quase 4 anos em Irecê e ter trazido em meu coração queridos amigos nordestinos de várias regiões e posso dizer que para mim foi a mais nobre e profunda experiência de vida. Saudações e felicitações nesta data especial. FOZ DO IGUAÇU-PR
08 de Oct / 2020 às 18h38
POEMA SAPIÊNCIA DE NORDESTINO Orgulho-me de ser nordestina, não tenho vergonha de falar, somos um povo alegre temos história para contar, não fale mal da minha cultura tenho orgulho de ser de lá! Só, fala mal de nordestino, quem não sabe da missa a metade, eu nunca vi um povo mais sofrido com tanta criatividade! Nordestino não tem dinheiro, mais vive na riqueza, são tantos contos que contam que choramos de rir, o que falta em dinheiro, sobra em criatividade! É tanta sapiência neste povo sofrido, eu não vi em outro lugar só do povo nordestino! Autora Eurides Galvão de Araújo
08 de Oct / 2020 às 19h07
Só os Bolsominions não conseguem aceitar a verdade dos fatos que esse sujeito e seus familiares estão mais sujos que pau de galinheiro. Já se vão dois anos e até agora não apresentou nenhum plano ou projeto de governo para atender o povo.
08 de Oct / 2020 às 19h08
BOLSONARO XINGAR TODO DIA NORDESTINOS. BOLSONARO NUNCA MAIS...BOLSONARO ENGANOU O BRASIL
09 de Oct / 2020 às 10h48
Qual o mais famoso nordestino, conhecido em todo mundo pelo que fez, e que já esteve até na cadeia?