A música brasileira perdeu neste domingo (4), o pesquisador musical Zuza Homem de Mello, aos 87 anos, vítima de um infarto agudo miocárdio. Ele faleceu enquanto dormia, em sua residência no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
Zuza foi um dos mais estudiosos da música brasileira e havia finalizado na última terça-feira (29), uma biografia sobre João Gilberto, um dos ícones da MPB. Outra paixão que pulsava nas veias do musicólogo, era o jazz, estilo do qual também se tornou especialista.
Neste gênero, Zuza dizia que para gostar de jazz era preciso conhecer a música porque o para se tocar este ritmo era preciso ter um conhecimento avançado para poder improvisar.
A rádio Senado destacou que O músico, jornalista e escritor Zuza Homem de Mello era um dos mais importantes pesquisadores de música do país, coordenou publicações como a Enciclopédia da Música Brasileira. Na semana passada, concluiu seu último trabalho: a biografia de João Gilberto
Segundo a família, Zuza havia passado o sábado (3) comemorando com a mulher, Ercilia Lobo, seus novos projetos, como a biografia do músico João Gilberto, que havia finalizado recentemente, e a série "Muito Prazer Meu Primeiro Disco", com o Sesc São Paulo -o primeiro episódio, com Gilberto Gil, saiu neste sábado.
Nos anos 1950, Zuza, que era contrabaixista e amante do jazz, foi para os Estados Unidos estudar música em Massachusetts e em Nova York, onde frequentou clubes do gênero e assistiu de perto a apresentações de ícones como Duke Ellington, Billie Holiday, Miles Davis, Thelonious Monk e John Coltrane.
O musicólogo marcou a história da música nacional por trabalhos com nomes como Elis Regina, Milton Nascimento, Elizeth Cardoso e Jacob do Bandolim.
Ele também escreveu obras importantes sobre a música brasileira, dentre eles "A Era dos Festivais - Uma Parábola" (2003) e "Copacabana" (2017), além de publicar "Música com Z: artigos, reportagens e entrevistas" (2014), que reuniu textos escritos por ele entre 1957 e 2014.
Em 2019, o documentário Zuza Homem de Jazz, sobre sua trajetória como músico, técnico de som e pesquisador, foi lançado. Filmado em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, tem direção de Janaína Dalri.
Segundo a família, o velório será restrito a família e amigos por causa da pandemia.
HISTÓRIA: Nascido em 1933, Zuza Homem de Mello usa os anos de vida como vantagem para acumular conhecimentos. O seu lado de jornalista, escritor e radialista se une ao de musicólogo e produtor para ser um dos maiores conhecedores atuais da música brasileira.
Zuza organizou o Festival de Verão do Guarujá, que teve a participação de artistas como Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Djavan, e três edições do Festival Carrefour. Foi convidado para festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa, da França à Suíça. Produziu os shows de Milton Nascimento no Japão, em 1988, e diversos discos com nomes consagrados da MPB, como Elis Regina e Orlando Silva.
Nascido em 1933, Zuza Homem de Mello usa os anos de vida como vantagem para acumular conhecimentos. O seu lado de jornalista, escritor e radialista se une ao de musicólogo e produtor para ser um dos maiores conhecedores atuais da música brasileira.
Zuza organizou o Festival de Verão do Guarujá, que teve a participação de artistas como Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Djavan, e três edições do Festival Carrefour. Foi convidado para festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa, da França à Suíça. Produziu os shows de Milton Nascimento no Japão, em 1988, e diversos discos com nomes consagrados da MPB, como Elis Regina e Orlando Silva.
Desdo o dia 24 de março desde ano, o radialista e crítico musical Zuza Homem de Mello apresentava o Programa o Playlist do Zuza na Rádio USP (93.7 FM), todas as sextas-feiras, às 17h.
Sem se apegar a temas ou gêneros musicais, o Playlist do Zuza discutia a música popular brasileira com base na experiência de mais de seis décadas de carreira do apresentador.
Para o comentarista, o diferencial do Playlist está na sua flexibilidade, capaz de incorporar a diversidade da música popular brasileira em sua programação.
“A grande marca desse programa é exatamente essa ‘salada’, que não tem gênero nem tem preferência por nada. Nessas condições, o que acaba chamando atenção das pessoas é a surpresa, porque, depois de uma música lenta, como uma valsa, de repente vem algo atual, como o reggae, que não tem nada a ver com aquilo que estava tocando antes. Pode entrar tanto um samba da pesada quanto uma música instrumental de solo de piano”, explicava Zuza.
Sua relação com o rádio começou aos 11 anos, como ouvinte, e só a partir da década de 1970 conseguiu se dedicar mais à profissão de radialista, com o Programa do Zuza — Para quem tem música nas veias. Antes disso, nos anos 50, Zuza foi contrabaixista, colunista e crítico de jornais e de revistas. Na década de 1960, produziu programas para a TV Record e, nos anos seguintes, atuou como produtor de festivais e discos.
Segundo o radialista, o que mudou dos seus primeiros anos de rádio até seu mais novo programa foram o seu traquejo e seu repertório, que aumentaram com os anos de trabalho. Além disso, Zuza acompanhou a mudança da transmissão de ondas AM para FM nas rádios, que, segundo ele, fez uma grande diferença na experiência do ouvinte que o acompanha até hoje.
Após décadas de experiência, Zuza avaliava que hoje faltam apresentadores que tenham noção de ritmo de programação nas rádios e que dominem o assunto sobre o qual comentam.
“As pessoas se habituaram a ouvir música sem ouvir. E o Playlist do Zuza tem essa ideia, ele procura chamar as pessoas para ouvirem música. Não adianta deixá-la como fundo musical, enquanto a pessoa está fazendo alguma outra coisa. Ela deve estar ouvindo aquilo”, critica. “O apresentador precisa estar presente enquanto a música está tocando, ou ter conhecimento do que vai ser tocado, senão ele não participa do próprio programa.”
Redação redeGN Foto Foto: Rádio Usp/Arquivo
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