Por causa da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), escolas suspenderam as aulas presenciais e passaram a buscar formas alternativas de manter o processo de ensino-aprendizagem durante a quarentena: usam principalmente aplicativos e plataformas on-line.
Segundo a pesquisa TIC Domicílios, divulgada em 2019, apenas 44% dos domicílios da zona rural brasileira têm acesso à internet. Na área urbana, o índice é bem mais alto: 70% dos lares estão conectados. O estudo, feito anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), é um dos principais no país no segmento de acesso a tecnologias.
Todavia, as diferenças ficam ainda mais evidentes ao se analisar cada classe social: entre os mais ricos (classes A e B), 96,5% das casas têm sinal de internet; nos patamares mais baixos da pirâmide (classes D e E), 59% não conseguem navegar na rede.
A estratégia adotada, no entanto, escancara a desigualdade e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes e professores de colégios públicos: acesso limitado à internet, falta de computadores e de espaço em casa, problemas sociais, sobrecarga de trabalho docente e baixa escolaridade dos familiares.
A reportagem da redeGN teve acesso aos dados divulgados, no mês de maio, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef. Os n´meros mostram a desigualdade no acesso à educação no país, que se escancara no momento em que aulas presenciais estão suspensas por conta da pandemia da Covid-19. Com atividades e aulas on-line, estudantes matriculados em escolas brasileiras não conseguem acompanhar o conteúdo programático escolar de forma satisfatória, segundo dados do Unicef.
Diversas tecnologias chegam à educação, mas tal educação tecnológica não chega para 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, no Brasil. Isso porque para eles a internet ainda não é realidade.
A reportagem da redeGn constatou este fato em Juazeiro e Petrolina. Um verdadeiro desastre acontece na rede estadual de ensino público estadual e municipal.
Aflição é o que sentem os pais ao verem seus filhos sem aproveitar o ano letivo. Em Juazeiro a agricultora moradora do Distrito de Itamotinga, conta que tem duas filhas e na localidade 'por questões econômicas nem todos possui internet paga' e ela usa dados móveis. 'As operadoras de telefonia pelo visto são poucas interessadas em investir nas áreas da zona rural'.
"Assisto a dificuldade e os esforços que os meus filhos têm para estudar em casa, sem internet, me parte o coração".
Desde o início da pandemia tem sido assim: acordar e tentar se conectar ao wi-fi. A maioria das vezes a internet falha, outras vezes, a velocidade não é suficiente para assistir aulas. "Tenho tentado não parar, mas às vezes bate a desmotivação. Não ter internet com bom sinal nesse momento em que não podemos sair de casa é um obstáculo enorme", revela a agricultora Luiza Cristina da Silva.
Sem aulas presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus, e com pouco acesso a internet segue os estudantes de Juazeiro e Petrolina. Os mais prejudicados são os que residem na zona rural.
O acesso à plataforma seria mais uma forma de evitar o distanciamento pedagógico dos estudantes da rede municipal de ensino, que estão sem aulas desde março, quando foram implementadas as medidas de distanciamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com os números Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)os estudantes brasileiros, da pré-escola à pós-graduação, que não têm acesso em casa à internet em banda larga ou à rede móvel 3G ou 4G, 96,6% são da rede pública de ensino. No total, 6 milhões de estudantes não dispõem de acesso domiciliar à web para acompanhar as aulas. Desses, cerca de 5,8 milhões frequentam instituições públicas.
Redação redeGN Fotos Ney Vital
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