O setor de bares e restaurantes vive uma situação de "terra arrasada". É o que revelou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Em entrevista ao CB.Poder – parceira entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, ele avaliou que o combate à pandemia foi feito de forma equivocada por autoridades e isso prejudicou o setor de forma acentuada.
Ao todo, dos mais de 1 milhão de bares e restaurantes e 6 milhões de empregados, o setor perdeu 250 mil estabelecimentos e demitiu 1,5 milhão de funcionários.
"A pandemia foi cruel com o setor de bares e restaurantes no mundo inteiro, mas infelizmente aqui no Brasil tivemos uma gestão muito mais caótica. Acho que faltou equilíbrio entre os nossos governantes, foi uma confusão danada. E o fato de o governador de São Paulo, João Doria, ter fechado o estado todo gerou uma referência. Outros estados acabaram seguindo o exemplo", disse ele.
O que impediu os números do setor de serem piores, segundo Solmucci, foi a MP 936, que virou a lei 14.020/2020. A medida permitiu flexibilidade na suspensão de contratos e redução de jornadas. Porém, ele destacou que nas classes sociais A e B ainda há muito receio do retorno a estabelecimentos. De acordo com Paulo, a situação é outra em regiões periféricas, onde há maior concentração de pessoas de baixa renda.
"O comportamento diferente nas classes tem sido determinante. Nas classes A e B, por exemplo, o faturamento tem sido menor, em torno de 15% a 20%. Quem atua no mercado que contempla as classes C, D e E tem encontrado algo em torno de 50%, 60%. Ou seja, há muito mais medo de consumir e voltar ao normal nas classes altas que nas classes mais baixas", afirmou.
Isso, segundo o presidente da Abrasel, pode ser explicado pelo fato de que o trabalhador de baixa renda não dispõe da mesma flexibilidade no que se refere ao isolamento. Caso passe mais tempo sem trabalhar, sua renda pode ser comprometida – algo que não se encaixa com a realidade daqueles com maior poder aquisitivo. O retorno ao consumo e trabalho em regiões mais pobres é uma tendência, diz ele.
"No país inteiro você tem um comportamento mais favorável de retomada nessas regiões em torno da região metropolitana, a região central sofre mais. Para se ter ideia, a periferia chega a fazer 80% do que faturava antes. Já em locais como a Avenida Brigadeiro Faria Lima, região nobre de São Paulo, o faturamento está em 10%. O home office afastou muito as pessoas. Outro comportamento importante é que o consumo se deslocou para o bairro", destacou.
O auxílio emergencial pode ter sido grande determinante para o início da recuperação do setor de bares e restaurantes. Para Paulo Solmucci, o benefício fez diferença para os pequenos estabelecimentos. "Isso é visível. Temos uma crise hoje que foi minimizada por causa desse auxílio. Cerca de 80% do setor fatura menos de R$ 20 mil por mês. Então, quando você tem um consumidor com R$ 600 na sua renda, faz muita diferença. Isso é visível", avaliou.
CB.Poder/Correio Braziliense e a TV Brasília,
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