Foto: José Cruz/Agência Brasil
Prestes a ser julgado por seus pares no Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, recusou propostas de uma saída honrosa. Houve sugestões de promoção de cargo, viagem ao exterior, ideias para afastá-lo do comando da Lava Jato de uma maneira menos traumática.
Dallagnol tem respondido que honroso mesmo é continuar defendendo o que acredita. O procurador disse que "remoções à força" são exceções na carreira e se defendeu de ter cometido alguma irregularidade na Lava Jato.
O CNMP vai analisar a proposta da força tarefa em utilizar parte dos recursos de indenização da Petrobras, pelos desvios, na criação de uma fundação. Também há pedidos sobre a conduta de Deltan ao fazer comentários sobre política na internet.
"O julgamento de terça não é sobre qualquer irregularidade que tenha sido apurada na Lava Jato. De todas as reclamações disciplinares contra mim, só duas se tornaram processos administrativos e ambas se referem a opiniões públicas minhas, a críticas a decisões do Supremo e à defesa do voto aberto nas eleições para o Senado. Ou seja, não têm nada a ver com irregularidades em investigações e processos", afirmou o procurador neste domingo (16).
"A garantia de inamovibilidade, contra remoções à força, existe para impedir interferências externas em investigações. Por isso remoções à força são excepcionais e só se admitem quando há irregularidades graves e demonstradas, o que não existe neste caso. Os casos em que aconteceu remoção forçada foram situações de pessoas que mal iam trabalhar, o que não tem nada a ver com a minha realidade", completou.
Há maioria no Conselho para punir Dallagnol, como a CNN mostrou.
"O julgamento de terça não é apenas sobre Deltan Dallagnol, mas é muito mais do que isso, é sobre o exemplo que vai ficar. A questão é se procuradores vão poder continuar trabalhando para responsabilizar poderosos sem ter medo de serem retaliados por cumprirem seu dever. Diante disso tudo, minha expectativa é de que possa seguir fazendo o trabalho que temos feito na Lava Jato", disse à CNN.
Fonte: CNN Brasil
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