A força-tarefa da Lava-Jato no Paraná divulgou nota na qual repudia as declarações feitas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre os trabalhos da equipe. O grupo, coordenado pelo procurador Deltan Dallagnol, disse que a "ilação de que há 'caixas de segredos' no trabalho dos procuradores da República é falsa" e evocou a autonomia dos procuradores da República.
"Devem ser refutados os ataques genéricos e infundados às atividades de procuradores da República e as tentativas de interferir no seu trabalho independente, desenvolvido de modo coordenado em diferentes instâncias e instituições. A independência funcional dos membros do Ministério Público transcende casos individuais e é uma garantia constitucional da sociedade brasileira de que o serviço prestado se guiará pelo interesse público, livre da interferência de interesses diversos por mais influentes que sejam", pontuou.
Na última terça-feira (28/7), Aras afirmou em uma transmissão ao vivo com advogados que "é hora de corrigir os rumos para que lavajatismo não perdure". O PGR disse que a Lava-Jato funciona como uma "caixa de segredos" e que a quantidade de dados armazenados pela força-tarefa de Curitiba é muito maior que os dados armazenados no sistema único do Ministério Público Federal (MPF).
Os procuradores disseram que na 'live' em questão, além do PGR, estavam "advogados que patrocinam a defesa de influentes políticos e empresários investigados ou condenados na operação Lava-Jato". "Investigações de crimes graves que envolvem políticos e grandes empresários desagradam, por evidente, parcela influente de nossa sociedade, que lança mão de todos os meios para desacreditar o trabalho até então realizado com sucesso", afirmaram.
A força-tarefa pontuou, ainda, que é falsa a alegação de que há milhares de documentos ocultos. "Não há na força-tarefa documentos secretos ou insindicáveis das Corregedorias. Os documentos estão registrados nos sistemas eletrônicos da Justiça Federal ou do Ministério Público Federal e podem ser acessados em correições ordinárias e extraordinárias", relatou. Grupo disse, ainda, que as investigações e processos são avaliadores "pelas corregedorias, pelo poder Judiciário, pelos advogados de investigados e réus e pela sociedade".
Sobre a afirmação de Aras em relação à quantidade de dados armazenados pela força-tarefa, os procuradores afirmaram que "a extensão da base de dados só revela a amplitude do trabalho até hoje realizado na operação Lava Jato e a necessidade de uma estrutura compatível".
"Ao longo de mais de setenta fases ostensivas e seis anos de investigação foi colhida grande quantidade de mídias de dados - como discos rígidos, smartphones e pendrives - sempre em estrita observância às formalidades legais, vinculada a procedimentos específicos devidamente instaurados. Para que se tenha ideia, por vezes apenas um computador pessoal apreendido possui mais de 1 terabyte de informações", pontuaram.
Ainda sobre a afirmação de Aras de que a equipe possui informações de 38 mil pessoas, e que ninguém sabe como essas pessoas foram escolhidas, a força-tarefa disse que a afirmação é falsa e explicou que este é o número de pessoas físicas e jurídicas mencionadas em Relatórios de Inteligência Financeira encaminhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) ao MPF, "a partir do exercício regular do seu trabalho de supervisão de atividades suspeitas de lavagem de dinheiro".
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