A restrição à circulação de pessoas e mercadorias, principal medida preventiva contra a covid-19, tem dificultado as atividades econômicas e as trocas comerciais.
O setor agropecuário no Brasil, no entanto, tem apresentado um bom desempenho, como explica Andréia Adami, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.
O principal fator para esse desempenho é a produção. Segundo relatórios do Ministério da Agricultura, este ano apresentará um recorde de produção. “Apesar de alguns problemas pontuais com o clima, em geral, a perspectiva é de que se tenha uma boa safra para atender ao mercado doméstico e também à exportação. A produção de soja, por exemplo, será de mais de 120 milhões de toneladas”, completa Andréia.
Com o agravamento da pandemia na China, principal parceiro comercial do Brasil, entre janeiro e fevereiro os volumes ficaram um pouco abaixo do normal. Porém, a partir de março, a situação teve uma melhora e, em abril, o volume foi maior que no mesmo período do ano passado. “Comparando com 2019”, aponta a professora, “houve um crescimento de 6% nas exportações.”
Ela ainda explica que, com a desvalorização do real, especialmente entre março e abril, os produtores que exportam e têm produto disponível tiveram um crescimento nas receitas, justamente porque recebem em dólar. O quadro positivo, no entanto, se restringe ao agronegócio: com a crise, há uma redução de consumo, de produção e, consequentemente, do PIB geral. “A indústria e a logística têm de estar funcionando, além do campo. Há um esforço, apesar da possibilidade de redução de funcionários, para que esses setores se mantenham em atividade também”, finaliza.
Jornal da USP
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