O número de municípios afetados pelo novo coronavírus mais que duplicou em um mês. São 3.488 cidades brasileiras com registro de casos da doença, o que representa 62,6% do total.
Em 20 de abril, eram 1.426 locais infectados (25,6%). Com mais de 300 mil brasileiros afetados, a doença avança pelo território nacional e alcança cidades cada vez mais distantes dos grandes centros, situação que preocupa pesquisadores e autoridades.
De acordo com a análise do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 7,8 milhões de brasileiros estão a, pelo menos, quatro horas de distância de um município que ofereça atendimento de alta complexidade, com unidade de terapia intensiva (UTI), capaz de receber pacientes graves de covid-19.
A pior situação ocorre no Norte e Nordeste.
A velocidade em que o vírus se interioriza também foi ponto de alerta. Os estudiosos avaliaram que, em apenas uma semana (de 9 a 16 de maio), nos municípios com população entre 20 e 50 mil habitantes, a cada dia, seis cidades registravam pela primeira vez uma morte pela doença. Entre municípios menores, com população de 10 a 20 mil habitantes, a inclusão foi de cinco cidades a cada dia.
A nota técnica destacou que a acessibilidade geográfica é um dos grandes desafios da rede pública brasileira, devido às dimensões continentais do país. “É evidente que nem todos os municípios do país devem ter um centro de tratamento intensivo, mas é necessário definir serviços de referência e contra referência no atendimento à saúde, evitando vazios de atendimento, bem como deslocamentos longos, que podem afetar o estado de saúde do indivíduo”, alertou a equipe.
A recomendação é que, para conseguir atender a regiões mais distantes, seja bem delimitada a unidade de referência de cada cidade, necessitando, para isso, do diálogo entre estados e municípios. “Se o argumento é achatar a curva para evitar o colapso do sistema de saúde, é preciso definir de forma clara e célere a região a que está se referindo e, com isso, de qual rede/sistema de saúde estamos falando.”
Ministro da Saúde interino, Eduardo Pazuello mostrou-se ciente da situação na 3ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite realizada, com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Ao afirmar que já é possível notar, nas grandes cidades, uma redução significativa de casos, Pazuello disse que a próxima etapa será a progressão dos casos para o interior.
“Uma terceira etapa é a progressão para o interior desses estados. Ela é inevitável. Essa progressão vai acontecer e nós temos que estar preparados, aumentando a capacidade, ainda, dessas cidades maiores e capitais, porque elas serão, nesta terceira etapa, o destino dessas pessoas do interior”, pontuou.
Ele frisou que a diversidade do país é o maior desafio na hora de tomar decisões e pactuar diálogos. “Precisamos investir na capacidade de transporte para fazer as evacuações, respiradores de transporte, estrutura que permita que a gente traga pessoas dessas cidades do interior para as capitais para o tratamento”. Na avaliação de Pazuello, o maior impacto da doença, até agora, ocorreu no Norte e no Nordeste. Com isso, segundo ele, Sudeste, Sul e Centro-Oeste devem se preparar.
Redação redeGN com informações ICICT
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