O advogado e coordenador-executivo do Procon de Juazeiro, Bahia, Ricardo Penalva recebe mensagens, telefonemas sobre solicitações, consultas, orientações, denúncias de consumidores, ligações de colegas à quase meia noite, hora de almoço e nos domingos. Desde que o distanciamento social foi decretado o trabalho dobrou. "É intenso, muito intenso o trabalho. Não tem dia nem hora", revela Penalva.
Uma web designer cujo quarto serve de escritório precisa acionar um alarme para se lembrar de almoçar durante a jornada de trabalho sem parar. Em outra empresa, uma funcionária com quatro filhos fica logada 13 horas por dia enquanto tenta conciliar a tarefa de cuidar dos filhos e o trabalho.
Após mais de 30 dias experimento de trabalho em casa sem um fim à vista, quaisquer que fossem as fronteiras que restavam entre trabalho e vida pessoal desapareceram quase inteiramente. A cultura de trabalhar a qualquer hora em Juazeiro e Petrolina alcançou novos patamares. A jornada de trabalho das 8h às 12h e de 14h às 18h, ou qualquer coisa parecida, parece relíquia de outra era.
Formalidades como se desculpar por ligar ou enviar e-mails em horários inadequados são coisas do passado. Profissionais de todas as classes e níveis já sentem que têm menos tempo livre, por exemplo, do que quando "perdiam" horas no transporte para ir ao trabalho.
Profissionais se abrigaram em casa no que se pensava ser um hiato temporário. Muitos mapearam planos para preencher o tempo que gastavam no deslocamento para ter novos hobbies, como aprender um idioma, fazer cursos à distância. Parecia o começo de uma revolução do teletrabalho.
A professora, engenheira agrônoma, Candida Beatriz, mestre e doutora em Ciências Agrárias, afirma que já tinha afinidade com a tecnologia, mas não imaginava que a roda da vida fosse girar desta maneira. "A plataforma digital e todas as novas formas tecnológicas que precisei me adequar agora é lugar oficial de trabalho. É estranho, sinto falta da interação direta. Mas tenho dito, que esses desafios nos fazem crescer profissionalmente e isto é muito importante, agora e para o futuro. O processo de aprendizagem é constante e temos compromisso com a qualidade do ensino", diz Candida.
O professor e jornalista Josenaldo Rodrigues, instalou "o escritório de trabalho em casa". É na garagem agora que ele produz o programa de rádio, faz contatos, assessoria, participa de videocoferências e participa de novos cursos. A rotina de Josenaldo só aumentou. "É produção de rádio, informações para o blog, aulas, contatos. E a notícia cada vez mais rápida. Muito mais trabalho e responsabilidades".
O bibliotecário e mestre em Ciência da Informação, Regis Silva, dobrou o serviço e realiza diversos cursos de especialização na área de atuação. Estes são exemplos de profissionais que transformaram seus espaços em escritórios improvisados, tornando quase impossível se desconectar.
Pesquisas revelam, pessoas que trabalham em casa se conectam três horas, em alguns casos muito mais que 5 horas a mais por dia do que antes dos confinamentos na cidade, de acordo com dados, que rastreiam quando os usuários se conectam e desconectam do trabalho. Funcionários também voltam a se logar tarde da noite. Provedores observam picos de uso da meia-noite às 3h da madrugada que não estavam presentes antes do surto de COVID-19.
Redação redeGN Fotos Ney Vital
2 comentários
30 de Apr / 2020 às 10h02
Enquanto isso juízes e promotores da região, que deveriam analisar e decidir sobre processos, estão parados. Muitos processos sem solução e as repartições fechadas. Deveriam aproveitar que novos processos não estão entrando e atualizar a fila.
30 de Apr / 2020 às 12h34
... dessa criatura que ganha sem fazer nada, com Lob de candidato sem voto e mamando nas tetas da prefa, eita Roberto Carlos que é arrodeado do que não presta.