Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/FotosPublicas
Como se não bastasse todo o descaso do Governo Federal que incentiva invasões nas reservas e deu fim ao convênio com os profissionais do Mais Médicos, os indígenas do Brasil correm risco com o coronavírus. Sem receber um suporte do Ministério da Saúde mais eficaz e específico, as comunidades estão cada vez mais expostas ao novo vírus.
A reportagem da redegn, obteve a informação que todas as "comunidades, por sua vez, que são reconhecidas como vulneráveis e de imunidade baixa, sofrem ainda mais pela ausência de antedimento médico, antes feito por profissionais do programa Mais Médicos".
Os povos indígenas lutam para não serem contaminados com o novo Coronavírus. Para os povos tradicionais indígenas, o isolamento social é estranho porque vivem na coletividade. Mas, é necessário fazer isso, ter essa força tarefa para conscientizar a ter cuidado com aglomerações.
O coronavírus chegou aos povos indígenas do estado de Pernambuco. Os primeiros dois casos foram confirmados em boletim da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme). Os testes positivos são de dois homens, um da etnia Pankararu, o outro da etnia Atikum.
De acordo com o documento, disponibilizado diariamente, o Brasil contabiliza até o momento 34 casos confirmados, a maioria dos registros na região da Amazônia. Manaus é o caso mais crítico, com 17 confirmações. Até agora, em todo o país, foram oficialmente registradas três mortes entre os indígenas e há 25 casos suspeitos sendo investigados. Um dos infectados em Pernambuco, enfermeiro Pankararu do hospital regional Ruy Barbosa, no município de Arcoverde, a 256 quilômetros do Recife. Ele divulgou um vídeo nas redes sociais em que confirma a testagem e comenta sobre seu estado de saúde.
Alexandre Pankararu, da comunicação da Apoinme, informou que todas as aldeias do estado estão fechadas. As três da etnia Atikum estiveram entre as últimas a proibir a entrada de não-indígenas. Segundo ele, há uma dificuldade do Distrito Sanitário de Saúde Indígena Pernambuco (Dsei) em encontrar kits de higiene para comprar e distribuir nas aldeias. O estado abriga treze povos indígenas, distribuídos em quinze territórios.
São cerca de 50 mensagens diárias trocadas entre a enfermeira Letícia Monteiro e os indígenas das etnias Wai Wai, Macuxi, Taurepag, Wapixana que vivem nas regiões Murupú, Wai Wai e Surumú, em Roraima, sobre o novo coronavírus (covid-19). Ela é responsável pelo monitoramento dessas comunidades e, além de checar se há alguém com algum dos sintomas da doença nas regiões, ela tira dúvidas e transmite orientações.
Indígena do povo Taurepag, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada também em Roraima, Letícia tem 44 anos e é uma das enfermeiras da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi) do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Leste Roraima, ligada à Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde.
“A pandemia é bem preocupante. Existem aldeias em regiões bem distantes, só com acesso aéreo. Se a doença chegar lá, há o risco de a pessoa não conseguir chegar a tempo à cidade”, diz. “Além disso, a população indígena não tem isso de cada um ficar na sua casa. Todo mundo fica junto, têm famílias que moram juntos pais, filhos, filhos já casados e netos. Uma casa comporta 15, 20 pessoas. A comunidade se reúne para comer, para conversar. Há um risco muito grande de contaminar todos de uma vez”.
Próximos a nossa região vivem cerca de 5 mil índios entre os municípios de Pesqueira, Arcoverde, Belem do São Francisco, Petrolândia e Tacaratu, no Sertão de Pernambuco e Rodelas, Bahia.
“Mandai tua força da terra e do ar das águas e das matas do Ororubá/ Salve a nossa mãe Terra Salve as águas Salve a natureza sagrada/ Ô nahe nahe Ô nahe nahe-a Vamos unir as forças do Ororubá/ Salve os santos e os encantos/ Salve os reis do Ororubá/Salve a força dos encantados. Amém”
A oração é de dona Zenilda, de 70 anos, uma importante liderança indígena do povo Xukuru. Ela tem uma relevância fundamental na formação dos jovens e mulheres de sua comunidade. Sua própria história de luta e conexão espiritual servem de guia para as novas gerações; é fonte de sabedoria e força para seus familiares, consanguíneos, ou não.
"Quanto aos crimes ambientais, preservamos a certeza de que a Natureza Sagrada, em especial para os povos originários, é mãe e mantenedora da subsistência da vida. Ela necessita ser respeitada e cuidada com zelo por ser morada da Força Encantada que nos impele e impulsiona na luta. Rebatemos as medidas do poder público e privado que NÃO SÃO capazes de suprir as necessidades básicas das pessoas afetadas por estes crimes e nos unimos com força e coragem com aqueles que se lesam por tais ações omissas a realidade do povo, como a implantação da usina nuclear na cidade de Itacuruba – PE, que irá destruir o meio ambiente e mudar a estrutura cultural e social das pessoas",
O texto faz parte da carta da Aldeia Pedra d’Água, datada em 19 de maio de 2019, em defesa dos territórios indígenas e do meio ambiente.
O site do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), informa que "vem disponibilizando, desde janeiro de 2020, mesmo antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), uma série de documentos técnicos foram expedidos para que os povos indígenas, gestores e colaboradores pudessem adotar medidas para o enfrentamento ao novo Coronavírus (COVID-19)".
Confira, na íntegra, a nota da Apoinme, assinada por Alexandre Pankararu:
“Urgente, chegam aos povos indígenas de Pernambuco os primeiros casos de infecções por coronavírus. No dia 19 de abril a Secretaria de Saúde de Pernambuco anunciou o primeiro caso de um indígena Pankararu, ele é servidor da saúde no hospital de Arcoverde -Pernambuco, é da aldeia Saco dos Barros, mas no momento se encontra em isolamento na sua casa em Arcoverde. O segundo caso foi informado, dia 20, pela Secretaria de Saúde de Carnaubeira da Penha-PE, que informou que saiu o resultado positivo de um indígena Atikum, da aldeia Serra Umã. Esse indígena já vinha com os sintomas há mais ou menos 10 dias, fez o exame na última quinta feira e hoje saiu o resultado dele. O indígena se encontra no momento sendo monitorado em sua casa na aldeia.
Há exatamente uma semana o povo Atikum fechou três aldeias de seu território, mas infelizmente não impediu que o coronavírus entrasse em suas aldeias. Segue a preocupação, pois muitas das cidades e municípios do sertão pernambucano não existem leitos de unidades intensivas.
Por conta disso devemos seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Fiquem em casa, evitem aglomerações sociais e mantenham a higiene básica, pois só assim poderemos enfrentar essa pandemia, não somos imunes e todos são sujeitos a serem infectados”.
Redação redeGN
2 comentários
26 de Apr / 2020 às 08h18
Pense numa reportagem tangenciada, feita por ONG que era sustentada pelo governo corruPTo do passado. Em primeiro lugar, vão dançar o TORÉ para Paulo Câmara. A primeira ação deve partir do município, depois governo do estado e governo federal, que já repassou a Pernambuco verba para enfrentamento da crise. Mandem dona Zenilda rezar no pé do governador do bloco comunista. Quanto a invasão de terras o governo já tirou milhares de ONGs com interesses internacionais que estavam na Amazônia, e o vice presidente Mourão está tomando conta dela para evitar que entreguem a floresta aos estrangeiros.
26 de Apr / 2020 às 08h20
Essa “contaminação” mostra o quanto “o homem branco” anda pelas aldeias. Principalmente os interessados nas terras.