Com o objetivo de atender às demandas e dialogar com as comunidades do sudoeste do estado do Piauí (PI), além de aldeias, quilombos, assentamentos e coletivos urbanos, sobre o combate à disseminação do novo coronavírus, o Colegiado de Antropologia (CANT), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), desenvolveu um protocolo com orientações para combater a transmissão da doença COVID-19.
A iniciativa é parte de uma parceria entre o Colegiado e a Superintendênica de Planejamento Estratégico e Territorial da Secretaria de Planejamento e Gestão do estado do Piauí.
O material tem circulado por todo o Estado, além de na região do Vale do São Francisco e em diversas localidades do Brasil, bem como está disponível em formato PDF e como card para as redes sociais.
Elaborado pelo professor do CANT Bernardo Curvelano e a discente da graduação em Antropologia Júlia Rolfsen, em parceria com os docentes da Univasf José Jaime Macedo, do CANT, Luis Alberto Valotta, do Colegiado de Medicina, as professoras Janaína Santos e Vivian Sena, do Colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial, e o quilombola Salvador Vianna, do Quilombo Lagoas (PI), o protocolo orienta sobre cuidados que devem ser tomados pelas comunidades do interior ao acolher familiares que estão retornando de outras regiões.
São dicas sobre o que fazer ao transportar alguém de carro ou moto e, também, ao chegar em casa, além de indicações quanto aos cuidados que devem ser tomados pelos parentes recém-chegados, como lavar as mãos e os pertences, não dividir talheres e utensílios domésticos, manter isolamento social por 14 dias e informar as Secretarias de Saúde dos municípios sobre o deslocamento.
De acordo com Bernardo Curvelano, há indicativos de que, neste período de quarentena devido à Covid-19, o Piauí esteja vivenciando um processo de refluxo do êxodo rural, ou seja, o deslocamento de pessoas das capitais para as regiões rurais e interioranas. Além disso, embora as viagens comerciais estejam proibidas no Estado, há, ainda, pessoas utilizando transportes pessoais ou clandestinos para deslocar-se. Assim, a iniciativa visa diminuir possíveis impactos deste processo, através do diálogo. Segundo ele, o principal objetivo do protocolo é ser realista com relação às diversas formas em que a pandemia será enfrentada daqui para frente.
“Uma orientação pública, como é o protocolo, pode ou condenar aquele que desvia da norma sanitária, ou buscar comunicar-se para transmitir formas mais seguras de conduta, levando em consideração modo de vida, constrangimentos econômicos e práticas simbólicas destas pessoas. O mérito deste protocolo é ser aberto e não fugir das provocações. Os tempos em que vivemos são duros, e nenhuma solução que não seja traduzida nas diversas formas comunitárias de arranjo coletivo interessa, pois tende ao totalitarismo”, diz o docente.
A elaboração do material é fruto das atividades do projeto de extensão da Univasf “Fórum Permanente de Cartografia Quilombola”, do Colegiado de Antropologia, entre outras ações realizadas na Universidade desde a declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Curvelano afirma que o protocolo foi construído tendo em vista a atuação do Colegiado, lotado no Campus Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI), somente no sudoeste do Piauí, mas pode ser apropriado por outros contextos sem prejuízos para sua mensagem.
Ascom Univasf
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