Hoje perdemos Valdir um dos gênios do repente/Não há nem como medir tanta tristeza na gente. (Virgilio Siqueira)
O verso improvisado na viola acaba de sofrer uma grande perda: o poeta Valdir Telles, 64 anos, filho entre a vertente paraibana e a pernambucana do Pajeú, morreu neste domingo, 22. Ele tinha 64 anos e foi vítima de um infarto fulminante. Valdir deixa como herdeira do seu canto a poetisa e advogada Mariana Telles.
Ano passado o poeta Valdir Telles participou na Concha Acústica da Praça Dom Malan, no centro de Petrolina, edição do ‘Festival de Violeiros’. O evento que completou 35 edições em 2019, faz parte do Circuito Junino da Prefeitura de Petrolina.
O nome de Valdir Telles está entre os mais talentosos violeiros e repentistas de renome nacional e divulgador das riquezas da cultura popular nordestina através do improviso, do dedilhar da viola.
Valdir Teles nasceu em Livramento, Cariri paraibano, mas foi levado ainda recém-nascido para São José do Egito, Sertão do Pajeú pernambucano, onde recebeu forte influência da cultura local e teve o primeiro contato com a cantoria de viola.
A partir de 1979, quando fixa residência em Patos (PB), inicia a trajetória poética que já se anunciava de grande dimensão para a cultura popular nordestina. Seu primeiro LP foi com o poeta Lúcio da Silva pela gravadora Chantecler. Em 1993, Valdir Teles muda-se para Tuparetama (PE), cidade vizinha a São José do Egito e também situada no Alto Sertão do Pajeú, região conhecida como ‘paraíso dos cantadores’.
Com admirável acesso no meio artístico, Valdir traz em sua trajetória amizade de confrades artistas como Maciel Melo, Alcymar Monteiro, Chiquinho de Belém, Santana, Flávio José, Flávio Leandro, Galego Aboiador, Nico Batista, Amazan, Bia Marinho, Val Patriota e Raimundo Fagner.
Valdir já cantou em dupla com os maiores nomes do universo da poesia popular, a exemplo de Louro Branco, Ivanildo Vila Nova, Sebastião Dias, Sebastião da Silva, Zé Viola, Geraldo Amâncio e Zé Cardoso.
Com mais de 500 troféus de primeiro e segundo lugares, uma turnê pela Europa com Ivanildo Vila Nova, outra pelo Norte do País até a Bolívia, Valdir (com mais de 50 CDs e DVDs) é reconhecido e mencionado em tudo que envolva os grandes nomes da viola.
O poeta Flavio Leandro expressou o sentimento do meio artístico com relação a morte de Valdir Teles:
"Que notícia triste, minha gente! Meu ídolo, Valdir Teles...poxa! Nosso DVD foi aberto com a genialidade de sua poesia, e, acima de tudo, com a grandiosidade de sua pessoa...A poesia popular nordestina fica menor com a saída de cena deste vate maior...meus pêsames a todos os familiares! Poeta, muito obrigado por tudo...principalmente, por ter enxergado a singeleza de minha poesia diante da grande vastidão de tudo que você produziu de belo. Descanse em paz"!
Foto: Facebook
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