Estudo realizado pela Younder indica que 85% dos entrevistados, entre motoristas e motociclistas, têm nos serviços de transporte e entrega a única fonte de renda, sendo que 61,7% desta fatia é composta por profissionais de duas rodas.
Uma pesquisa realizada recentemente pela Younder, empresa desenvolvedora de soluções educacionais empresariais, indica que 44,7% dos motoristas que trabalham com aplicativos ou com entregas em motos ou bicicletas afirmam não terem recebido qualquer tipo de treinamento para prestar serviços a empresas, impactando a performance e segurança diária no trânsito.
Considerando os profissionais que exercem mais de uma atividade remunerada, 55,1% são motociclistas, enquanto 50,1% utilizam o carro e 6,6% trabalham com bikes. O levantamento tem como objetivo traçar um panorama de profissionais que atuam no segmento mobilidade como autônomos, freelancers e prestadores de serviços.
O estudo "Desvendando GIG Economy", traz informações de pessoas que se enquadram na economia alternativa, que flexibiliza o mercado de trabalho diante da era digital. Entre agosto e outubro do ano passado, 200 profissionais atuantes no setor responderam à pesquisa, que revela ainda que o perfil de trabalhadores no segmento mobilidade é jovem: 47,2% têm entre 26 e 35 anos, outros 32,7% são da faixa etária entre 18 e 25 anos. Além disso, a maior parte dos respondentes (61%) percorre entre 101 quilômetros e 200 quilômetros por dia.
Este formato de economia alternativa fez com que os apps de delivery crescessem exponencialmente, atraindo principalmente motoboys que visavam bater metas para ganharem mais dinheiro. Com o estímulo, a Prefeitura de São Paulo percebeu um aumento de 18% no número de mortes entre motociclistas no município em 2018. Por conta disso, em julho deste ano, a Prefeitura firmou acordo com empresas de entrega por app, com foco em medidas de segurança voltada aos motociclistas. Na ocasião, o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas de São Paulo (Sindimotosp), observou que o principal problema é que essas empresas trazem gente muita nova, sem experiência ou cursos para lidar com as entregas.
Segundo a CEO da Younder, Claudia de Moraes, o aumento na quantidade de aplicativos de entrega é benéfico para a sociedade, mas sem capacitação adequada os entregadores correm riscos nas vias. "Cerca de 85% dos entrevistados afirmam que os serviços de entrega e transporte é a única atividade profissional que exercem no momento, sendo que a classe mais vulnerável, que é a dos motociclistas, é composta por 61,7%. Muitas dessas pessoas aceitam este tipo de trabalho por não conseguirem atuar em outros mercados, ou seja, boa parte deles é formada por pessoas inexperientes. Por falta de conhecimento das leis, das características da própria motocicleta ou das condições das vias, o risco é constante e muitas vezes pode ser fatal", diz.
Tecnologias como soluções a favor dos motociclistas
Embora uma parte considerável não receba qualquer tipo de treinamento, 45,3% dos entrevistados acreditam que receber capacitação é importante, sendo que os temas mais citados são "saúde mental e comportamento", seguidos por conteúdos que os ajudem a aumentar a renda. A pesquisa mostra que uma fatia relevante tem predileção por dicas e curiosidades gerais (33,3%), seguido por direção defensiva (25,3%). Outro fator que chama atenção é que a maioria absoluta daqueles que querem fazer treinamento (72,5%) prefere receber conteúdo em vídeo, sendo que para muitos deles é primordial que as aulas práticas se aproximem da "realidade das ruas". Neste sentido, uma solução que atende a essa necessidade e a outras em relação a treinamentos foi lançada neste mês.
A ProSimulador desenvolveu o ProS.moto, o primeiro simulador de motos do país com o objetivo é utilizá-lo em treinamentos e capacitação voltados a motociclistas que trabalham diariamente com serviços de entrega. Segundo a diretora da ProSimulador, Sheila Borges, o simulador tem a ergonomia real do modelo de uma das motos mais populares do Brasil. "O equipamento é adaptável a motocicletas com cilindradas variadas e simula diversos cenários e obstáculos percorridos diariamente por motoqueiros, como vias e rodovias com condições climáticas adversas como chuva, neblina e até mesmo neve, além de ser possível testar reflexos e pontos de atenção com a entrada de pessoas, animais e outros veículos durante o treinamento. Tudo isso possibilita um melhor preparo para que os motociclistas lidem com todos os percalços do trânsito", explica.
Junto com o ProS.moto, foi lançada a Academia do Trânsito, desenvolvida pela Younder para oferecer soluções que colaborem para a diminuição de acidentes no trânsito. Trata-se de um catálogo composto por cursos teóricos em uma plataforma digital, integrados com vivência no simulador de realidade virtual. Desta forma, profissionais contam com análise prévia teórica e prática para identificação de pontos de melhoria para, então, terem a orientação sobre os cursos corretos para suprirem as deficiências individuais. "São aulas com linguagem simples e interativa em diversos formatos, como vídeos, ilustrações, animações e infográficos. Já no simulador, o motociclista coloca em prática o que foi vivenciado na teoria e tem o seu desempenho monitorado para acompanhar sua evolução", conclui Claudia de Moraes.
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