O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a se comprometer em transferir a embaixada brasileira de Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, uma promessa feita ainda durante a campanha eleitoral em 2018. Ele disse que a medida deve acontecer até 2021.
"Estamos caminhando para isso. Não vou dizer [20]20, no máximo [20]21, se Deus quiser, vai nascer sem atritos", afirmou o presidente durante uma conversa com o pastor Silas Malafaia gravada em dezembro do ano passado e veiculada nesta segunda-feira (3) no canal do Youtube do líder religioso.
A declaração mostra uma nova mudança de postura do presidente, que havia suspendido a promessa de transferir a embaixada e anunciado a abertura de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém.
Durante a conversa com Malafaia, Bolsonaro conta como foi tomada a decisão sobre a mudança da representação diplomática.
Sem mencionar data, disse que estava em um carro de som em Goiânia (GO) quando foi alertado de que o presidente americano, Donald Trump, havia transferido a embaixada dos EUA de Tel-Aviv a Jerusalém.
"Tinha um cara lá com a bandeira azul, com o símbolo de Davi [estrela de Davi, símbolo do judaísmo] -- é isso mesmo? O cara me trouxe a bandeira, eu peguei e falei que assumia esse compromisso publicamente. Não sabia dos problemas ainda", afirmou.
A mudança da embaixada é ponto sensível aos evangélicos, que são uma das principais bases de apoio do governo. Por outro lado, enfrenta a resistência dos militares, que deram amparo à eleição de Bolsonaro.
Na visão dos generais que integram o governo, ao levar a representação brasileira para Jerusalém, o presidente estaria assumindo um dos lados do conflito entre Israel e Palestina, já que a cidade é alvo de disputa -- a decisão poderia ter implicações do ponto de segurança nacional.
Já na visão do Ministério da Economia e do Ministério da Agricultura, essa alteração terá impacto também nos negócios brasileiros no Oriente Médio. O Brasil é exportador de produtos para a região e tem na comercialização de carne uma das principais atividades na relação com países árabes.
Durante a conversa com Malafaia, Bolsonaro minimizou o impacto da decisão.
"Nós temos conversado com lideranças de países vizinhos [a Israel], falando que é uma questão interna nossa, não é para afrontá-los, é uma questão de entendimento nosso. Demos um grande passo há poucos dias [em dezembro de 2019], o Eduardo [Bolsonaro] com o Binyamin Netanyahu [premiê israelense], bem como o nosso almirante, presidente da Apex, inauguramos um escritório lá em Jerusalém. É lógico que foi dado mais um passo", disse.
A criação de um escritório comercial brasileiro em Jerusalém foi anunciada por Bolsonaro em abril de 2019, durante visita a Israel.
"O sentimento que eu tenho: todas essas conversas foram no reservado, Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes, entre outros, só o intérprete ali. 'Olha, a situação é essa'. Só teve uma que achou que ficou meio assim, mas deu sinal verde. Os outros chefes de Estado todos falaram que é uma questão interna do Brasil", disse.
Bolsonaro viajou em outubro do ano passado para países árabes como Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita.
Agência Brasil
3 comentários
04 de Feb / 2020 às 17h18
O encontro entre política e religião na sociedade civil deve dar-se em torno da cooperação na busca do bem comum, na defesa dos direitos humanos e na realização mais adequada da justiça. Porém, muitas confissões religiosas intervêm na política apenas para defender seus interesses. Servem-se da política para fortalecer sua religião, demonizando seus adversários. Nenhuma religião detém o monopólio da ação salvadora de Deus. Ninguém pode reclamar um direito divino de governar. Questões políticas só podem ter soluções políticas.
04 de Feb / 2020 às 17h45
Deus me livre do mau Bolsonaro. Tudo piorando.
04 de Feb / 2020 às 17h46
Bolsonaro rico Moro rico nunca mais.