Ainda me lembro de que, nos anos 80, os empregos sobravam, o caderno de empregos do jornal O Estado de S. Paulo era enorme, a indústria brasileira contratava a níveis elevados. E o mais interessante é que a cada dia surgiam novas pequenas e médias empresas. Isso em pleno regime militar, com um número enorme de empresas estatais, que obtinham “dinheiro barato no exterior” desde 1965.
Se, numa análise perfunctória, observarmos o crescimento do Brasil desde 1980 até hoje, teremos um crescimento médio da economia de 2% ao ano. Naquela época, 1/3 da riqueza do nosso país vinha da indústria. Bons tempos aqueles. A grande verdade é que as sucessivas crises que abateram o mercado internacional desagregaram o capital outrora relativamente barato em temos de empréstimos, muito diferente do que ocorre hoje em dia.
Durante a época do enorme caderno de empregos do Estadão, entre os anos 70 e 80, tínhamos a perspectiva do enaltecimento da indústria nacional. A ideia era tornar o Brasil um país não só produtor de commodities, extrativista. Com isso fizemos com que milhares de habitantes de outras regiões do Brasil viessem para os grandes centros industriais como São Paulo e o Sul do país, totalmente despreparados, do ponto de vista social, para recebê-los. Com o passar do tempo, nós nos deparamos com a tecnologia se aproximando e a indústria nacional tendo que se adequar a um requisito que não tínhamos no Brasil, e, assim, o que fabricávamos aqui para sermos competitivos passamos a importar, e então o cenário começou a se complicar.
Com a necessidade de criarmos 2 milhões de novos empregos por ano, com uma carga tributária alta, sem contrapartida para o povo brasileiro, com o custo trabalhista alto, nossa indústria começou a minguar e o empresariado perdeu o incentivo para investir na indústria nacional, até porque ficava mais barato importar do que fabricar, e iniciou-se o desmonte da indústria nacional, o que foi uma grande perda para o Brasil.
Hoje fazemos o caminho contrário, para que, através de um ajuste fiscal, e como se fôssemos um bom mocinho, possamos conseguir investimentos do exterior para financiar nossa economia industrial já em decomposição.
Para se ter uma ideia, pelos últimos números, a atividade industrial voltou ao nível de fevereiro de 2009 e ficou 17,1% abaixo do pico atingido em meados de 2011. Precisamos voltar a fazer não só um ajuste fiscal aguardando investimentos do exterior, mas prosperar a ideia de uma nova mentalidade em relação ao ressurgimento da indústria nacional para que possamos contar com nossas próprias iniciativas desenvolvimentistas, pois só assim conseguiremos reverter a desigualdade social, o desespero que afeta os jovens sem perspectiva de trabalho e promover, através das nossas políticas, uma visão de parceria entre o Estado e a iniciativa privada. Quem sabe possamos enfim voltar a ter um jornal de domingo repleto de anúncios de emprego?
Fernando Rizzolo é advogado, jornalista, mestre em Direitos Fundamentais
9 comentários
23 de Jan / 2020 às 23h40
Fico feliz em ver uma análise tão lúcida como essa. É necessário ter o diagnóstico certo para, então, iniciar o tratamento adequado, e isso aplica-se à economia brasileira. Não basta ficar aguardando o investimento estrangeiro vir para cá, mas é urgente também despertar uma estratégia desenvolvimentista levando em conta a nossa indústria - tão combalida. Assim, talvez a gente possa ter mais empregos com qualidade, coisa que a indústria é capaz de gerar; além disso diminuiríamos o déficit com o estrangeiro que geramos para bancar tanta coisa que a gente não é capaz de produzir aqui. Parabéns!
24 de Jan / 2020 às 06h41
PARABÉNS. BOLSONARO SÓ PENSA NO UMBIGO. MORO GANHANDO MUITO E O POVO NADA
24 de Jan / 2020 às 06h42
ELE NÃO é o culpado O Bolsonaro, não é o culpado! O culpado, é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo... O culpado, é o teu parente, o teu vizinho, o teu amigo. O atual presidente, sempre defendeu a ditadura e a tortura... Sempre defendeu a sonegação de impostos. Sempre foi racista, homofóbico, xenófobo e preconceituoso. Não tinha plano de governo. Nunca foi sociável, não compareceu a um debate sequer. Ele sempre foi assim, sempre! O verdadeiro culpado, é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo.... Ele disse sempre que não entendia de economia. Ele sempre chamou índios e quilomb
24 de Jan / 2020 às 06h44
Bolsonaro nunca mais. Bolsonaro e Moro mentiu disse quer ia melhorar e hoje tudo piorando???
24 de Jan / 2020 às 07h15
Muito bom!!! E a indústria assim como a agricultura, gera riqueza, o que não ocorre com o comércio em que há apenas transferência de valores e nada produz.
24 de Jan / 2020 às 10h12
CRESCEU , GEROU RENDA e quase 2 MILHÕES de EMPREGOS no 1° MANDATO de LULA ! as INDÚSTRIAS produzindo a TODO VAPOR, COMÉRCIO vendendo muito e comprando muito,o POVO ALEGRE COM ALTA ESTIMA E MUITO DINHEIRO NO BOLSO! COMÉRCIO Gera impostos a recolher no estado, município, e federação! GERA também EMPREGOS e RENDA, é isto que o COMÉRCIO PRODUZ.
24 de Jan / 2020 às 11h49
POIS É,ACABEM COM O COMERCIO,ASSIM,AS INDUSTRIAS FECHARÃO E COLOCARÃO SEUS FUNCIONÁRIOS NAS FILAS DOS DESEMPREGOS.É O CONSUMIDOR FINAL,JUNTAMENTE COM O COMERCIO,QUE PUXAM AS CADEIAS PRODUTIVAS.
24 de Jan / 2020 às 11h49
POIS É,ACABEM COM O COMERCIO,ASSIM,AS INDUSTRIAS FECHARÃO E COLOCARÃO SEUS FUNCIONÁRIOS NAS FILAS DOS DESEMPREGOS.É O CONSUMIDOR FINAL,JUNTAMENTE COM O COMERCIO,QUE PUXAM AS CADEIAS PRODUTIVAS.
28 de Jan / 2020 às 10h03
Parabéns pela reflexão! Sei que a economia cresce, se fizer aumentar o investimento, não apenas na indústria, mas, na construção civil, na agricultura, no Social, na infraestrutura (...) fazendo circular o dinheiro, na maior quantidade possível, no tempo mais breve e na maior quantidade de pessoas possível!