De sua primeira experiência como participante de um evento na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), a agricultora Edvania Ferreira da Silva quer levar para sua roça de feijão e macaxeira o conhecimento compartilhado nos minicursos, oficinas e palestras que aconteceram no II Congresso Internacional Interdisciplinar em Extensão Rural e Desenvolvimento (CIIERD). Edvania integra um grupo de 20 agricultores familiares de Izacolândia, zona rural de Petrolina (PE), que junto com outras comunidades rurais, estudantes, professores, pesquisadores, profissionais com formações diversas de vários estados do Brasil e de outros países participaram desta edição do CIIERD, realizada no Campus Juazeiro, de 4 a 7 de dezembro.
Durante o evento, promovido pelo Mestrado em Extensão Rural e pelo Doutorado em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial da Univasf com o apoio de vários parceiros, os participantes debateram a temática “Territorialidades, Mudanças Climáticas, Agroecossistemas e Premissas para o Desenvolvimento Sustentável” em mesas redondas, grupos de trabalho, oficinas e minicursos. Para Edvania, a presença no CIIERD foi importante para conhecer a Univasf e também para trocar conhecimentos com os outros participantes do evento. “Os cursos foram muito importantes pra gente ter mais conhecimento. Teve agricultor, quilombola, indígena e um foi ajudando o outro. A gente vê que vai ter resultado”, contou.
O técnico em Meio Ambiente e Recursos Hídricos Josemário Martins da Silva, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia, considerou o evento relevante também para despertar nos participantes a importância da transição agroecológica, assunto discutido em algumas mesas redondas e trabalhos apresentados nas sessões científicas e de relatos de experiência técnica e popular. O próprio Silva apresentou um trabalho sobre a experiência da feira orgânica de Senhor do Bonfim e da Organização Participativa de Avaliação da Conformidade (OPAC). “Os temas dialogam com a territorialidade e a possibilidade da transição agroecológica. As experiências partilhadas no congresso são extraordinárias”, observou, após assistir a mesa redonda sobre “Premissas para o Desenvolvimento Sustentável, Gestão e Arranjos Interterritoriais”, na sexta-feira (6).
Nas mesas redondas, houve participação de pesquisadores e representantes de comunidades rurais. Algumas das mesas contaram com a contribuição de profissionais do exterior que ministraram palestras sobre temáticas diversas, entre eles Maiximiliano Perez, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta), da Argentina, e Xavier Augusseau, do Cirad, agência francesa de desenvolvimento rural, que proferiu a conferência de abertura do evento.
Além de agricultores e pesquisadores, o II CIIERD atraiu congressistas que são empreendedores, como Hércules Ramos Moreira de Souza. Proprietário de uma loja que comercializa produtos da agricultura familiar em Uauá, Souza foi ao evento em busca de novos relacionamentos com pesquisadores e profissionais e de novos conhecimentos e inovações que possam contribuir com sua área de atuação. “Tenho interesse em conhecer outras experiências nessa área, visitar a feira de agricultura orgânica e a exposição de produtos da agricultura familiar”, disse.
Para o professor Helder Ribeiro Freitas, vice-coordenador do Doutorado em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial na Univasf, que também fez parte da organização do evento, esta edição possibilitou uma grande interação entre os participantes do evento. “O II CIIERD possibilitou muitas trocas de saberes entre a comunidade acadêmica, instituições e organizações sociais, agricultores e profissionais na construção do desenvolvimento rural sustentável”, disse Freitas.
A programação do CIIERD contou também com a realização de outros eventos paralelos: a III Reunião da Rede Franco-Brasileira pelo Desenvolvimento Sustentável no Semiárido do Nordeste; o IV Encontro Nacional da Agricultura Familiar (Enafa), a III Feira de Empreendedorismo de Mulheres, a I Jornada de Agroecologia do Sertão do São Francisco e o I Seminário Interterritorial de Caprinovinocultura da Bahia. Esta edição do evento, reuniu mais de 1,2 mil congressistas de 17 estados brasileiros e três países. Foram apresentados 314 trabalho e houve a realização de 33 minicursos, 20 oficinas e 24 grupos de trabalho.
Além destes números, a coordenadora geral do II CIIERD, professora Márcia Bento Moreira, ressaltou a qualidade dos trabalhos apresentados e as atividades culturais promovidas durante o evento, que teve lançamentos de livros, apresentações teatrais e musicais e místicas. “Nesta edição, houve um grande envolvimento dos estudantes de ensino médio, graduação e dos programas de mestrado e doutorado na programação, nos minicursos e oficinas. Tudo isso foi muito importante para que a Academia enxergue de forma favorável essa atuação, além de proporcionar uma experiência muito enriquecedora para os estudantes e os profissionais que atuam na área de extensão rural e desenvolvimento”, destacou Márcia.
De acordo com o coordenador do Mestrado em Extensão Rural e do II CIIERD, professor Denes Dantas Vieira, o evento possibilitou aos congressistas um ambiente muito rico em trocas de conhecimentos e experiências. “O II CIIERD se caracterizou por uma grande riqueza em conhecimentos, de caráter técnico, científico e popular, com a presença de vários órgãos públicos parceiros e de outras Instituições de Ensino Superior, com trabalhos de alta qualidade. Com esta segunda edição, o CIIERD se torna um evento totalmente consolidado na Univasf”, afirmou.
Ascom Univasf
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