MPF deve se reunir mais uma vez com a Agrovale e apresentar o levantamento. — Foto: Reprodução/TV Grande Rio
O Ministério Público Federal (MPF) propôs um levantamento das áreas atingidas pela fuligem da cana-de-açúcar em Petrolina, no Sertão de Pernambuco e em Juazeiro, na Bahia, para minimizar os impactos social e ambiental na região. Foi feita uma proposta para que a Agrovale expandisse progressivamente a mecanização da colheita, mas a empresa não aceitou a sugestão.
De acordo com o Procurador da República, Felipe Pires, a empresa apontou o elevado número de funcionários que seriam dispensados com a mecanização, questões técnicas em relação ao terreno, de produtividade e de solo, para o não cumprimento da orientação. "Todos esses motivos apontados pela empresa estão sob análise do Ministério Público Federal. Estamos examinando de perto essas razões para confirmar a relevância e procedência".
O levantamento será realizado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), em parceria com o órgão ambiental do Estado de Pernambuco e corpo pericial do MPF, que pretende estimar com maior precisão quais as áreas atingidas em Petrolina e Juazeiro pela fumaça e a fuligem. Além disso, o estudo também vai calcular o número de famílias e habitantes que são alcançados pelas consequências da queima da palha da cana-de-açúcar.
Com o resultado dessas informações, o MPF deve se reunir mais uma vez com a Agrovale e apresentar o levantamento. "Se não houver avanço nessas negociações, certamente, medidas judiciais terão que ser tomadas em parceria com o MPF do Estado de Pernambuco e da Bahia", afirma o procurador.
Em nota, a Agrovale informou que cumpre todo o regramento jurídico/ambiental sobre o tema, minimizando os impactos, dialogando e acatando as sugestões, mesmo as não impositivas, dos órgãos de fiscalização.
A empresa disse que "vem realizando investimentos contínuos, visando a melhoria dos seus processos, com a adoção de medidas técnicas e de responsabilidade econômica, social e de sustentabilidade ambiental. Como resultado, é possível constatar a redução significativa da incidência da fuligem em comparação às ocorrências em anos anteriores".
A Agrovale também inteira que "no tocante à tecnologia de corte mecanizado disponível no mercado, esta não atende as características peculiares da agricultura 100% irrigada que a empresa pratica, sendo única no mundo em cana com alta densidade, acrescida das dificuldades de manejo do solo, o que tem dificultado as ações no intuito de atender em sua totalidade a erradicação da queima controlada".
Por fim, salientou que "confia nas instituições e sabe da importância destas na busca da verdade real, acredita ainda que com as parcerias firmadas com a comunidade acadêmica e científica, todas as informações requeridas pelos órgãos competentes serão produzidas com máxima fidelidade".
Fonte: G1 Petrolina
8 comentários
13 de Nov / 2019 às 07h27
A Agrovale é muito é cara de pau. Só vejo a fuligem aumentar ano a ano. Dizer que o custo da mecanização é alto, é meia verdade. Se eles fossem obrigados pela justiça a pagar pela limpeza de nossas casas, pelo custo das doenças e transtornos causados pela fumaça e fuligem, veriam que a mecanização é até barata. No interior de São Paulo, toda a colheita é mecanizada e a queima proibida. Justamente para não agredir a população. Aqui somos tratados como lixo.
13 de Nov / 2019 às 07h47
isso é briga politica...parece que essas pessoas não entendem a importância dessa empresa para a região!!!tudo isso por causa da fuligem nas casas?então é mais viável deixar de contratar milhares de funcionários por causa da fuligem em algumas casas? o impacto das demissões seriam muita mais desastrosa do que essa fuligem. prefiro limpar minha casa todos os dias (na época da produção) do que ver a economia dos municípios cair.
13 de Nov / 2019 às 08h14
A fuligem continua caindao, e a Agrovale afirma que não usa mais a prática de queima da cana. Diz que é mecanizado. E ainda diz que a queima é ato criminoso. Mas a fuligem continua caindo. Alguma coisa não está batendo.
13 de Nov / 2019 às 08h15
Não justifica. A empresa deve se adaptar. Peça um prazo para se adequar. Não pode é sacrificar a população. Na maior zona açucareira do país, em SP, a colheita é toda mecanizada. As empresas pediram 10 anos de prazo. Aqui pode se fazer o mesmo.
13 de Nov / 2019 às 09h25
Nos últimos dias a cidade tá cheirando a chifre queimado por conta dessas queimadas.
13 de Nov / 2019 às 09h39
Moro em Petrolina e em minha casa chegam a fuligem e a fumaça da queima dessa agrovale. É um absurdo o que fazem conosco em nome do lucro de uma empresa. Matam as pessoas por causa de dinheiro, com a conivência dos órgãos publicos. Um absurdo!
13 de Nov / 2019 às 10h27
Bom dia! Aqui no Bairro Santo Antonio em Juazeiro-Ba, chega muita fuligem dias seguidos... MPF tome as medidas necessárias para resolver o problema.
13 de Nov / 2019 às 20h07
EM SÃO PAULO,A MECANIZAÇÃO DA COLHEITA DA CANA DE AÇÚCAR NÃO ATINGE OS 100%,ATÉ 2017 ERA EM TORNO DE 90%,EM 2019,AINDA EXISTEM REGIÕES COM COLHEITA MANUAL.ESTA QUESTÃO É COMPLICADA,VISTO QUE A MECANIZAÇÃO LEVA JUNTO O GANHA PÃO DE MILHARES DE TRABALHADORES,NORMALMENTE SEM NENHUMA ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL,CHAMADOS DE 'BOIA FRIA',POR OUTRO LADO AS QUEIMADAS PROVOCAM EFEITOS COLATERAIS NA SAUDE DAS PESSOAS E NO MEIO AMBIENTE,SENDO ASSIM,FICA A PERGUNTA: ALGUEM TEM UMA SOLUÇÃO IDEAL OU PRÓXIMO DISTO?